Maputo, 14 Ago (AIM) – O Fórum das Associações Moçambicanas de Pessoas com Deficiência (FAMOD) alerta que os profissionais de saúde têm enormes dificuldades para se comunicarem com pessoas com deficiência, sobretudo deficiência visual e auditiva.
A informação foi divulgada hoje (14) pelo consultor do FAMOD, Levy Pinto, durante a apresentação dos resultados do relatório intitulado “Estudo de Base sobre HIV/SIDA e Deficiência: direitos, acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência em Programas e Serviços de HIV/SIDA em Moçambique”
Segundo o relatório, as palestras orientadas pelos profissionais de saúde também pecam pelo facto de não ser inclusivas, pois carecem de conhecimentos ou técnicas alternativas de comunicação [línguas de sinais] para assegurar que todos os pacientes tenham acesso a informações relevantes.
“Para combater essa lacuna é necessário capacitar os profissionais de saúde em comunicação alternativa para melhorar a interacção entre os profissionais e as pessoas com dificuldades na comunicação”, anotou.
O estudo aponta que para garantir a inclusão das pessoas com deficiência, sobretudo a auditiva, os profissionais de saúde recorrem à escrita ou ao suporte da família do paciente. Alguns profissionais, de forma voluntária, inscreveram-se para fazer o curso de língua de sinais.
Sobre a acessibilidade das unidades sanitárias, o estudo constatou que o Estado investiu na colocação de rampas na maioria das entradas das unidades sanitária, porém não nas zonas rurais e algumas carecem de melhorias.
“Temos rampas, sim, mas ainda falta, porque temos alguns locais sem rampas dentro das unidades sanitárias. E a questão de rampa, muitas vezes, nós encontramos nas cidades, nos centros urbanos, quando fomos aos centros de saúde do periférico, infelizmente não havia rampas lá”, disse.
Já o presidente do FAMOD, Cantol Pondja disse que embora os profissionais de saúde tenham mecanismos próprios para registar casos de pessoas com deficiência vivendo com a HIV-SIDA, há falta de dados fiáveis de pessoas com deficiência em tratamento anti-retroviral.
“Não há nas unidades sanitárias mecanismos institucionais de colecta e de segregação de dados sobre deficiência e HIV-SIDA. Por isso, há falta de dados viáveis de pessoas com deficiência em tratamento anti-retroviral”, disse.
Destacou a necessidade de melhorias na colecta e de segregação de dados por deficiência para facilitar o seguimento e melhorar a prestação de serviços nas unidades sanitárias, bem como a inclusão de pessoas com deficiência nos grupos de activistas ou voluntários nas unidades sanitárias e comunidades.
“É fundamental que haja acções concretas para a redução das barreiras de acesso à inclusão e inclusão das pessoas com deficiência em programas de serviços de HIV-SIDA no país, com destaque para a necessidade de realização de campanhas de prevenção, testagem e adesão ao tratamento inclusivas e relacionadas às pessoas com deficiência”.
Segundo a fonte, o estudo foi realizado a nível nacional, nos meses de Dezembro de 2023 e Janeiro de 2024. Tendo como amostra a cidade de Maputo, as províncias de Gaza e Zambézia por apresentarem taxas elevadas de infecção pelo HIV e Nampula por apresentar a maior taxa de pessoas com difidência.
(AIM)
SNN/sg