
Raparigas moçambicanas
Maputo, 25 Set (AIM) – O Centro de Aprendizagem e capacitação da Sociedade Civil (CESC), no âmbito do projecto “Elas por Elas”, treinou, no distrito de Montepuez, em Cabo Delgado, 18 “sentinelas da paz” e três facilitadoras distritais sobre o uso do Cartão de Pontuação Comunitária (CPC).
O CPC é uma ferramenta de avaliação do acesso e qualidade dos serviços públicos de saúde e educação que foi adaptada para monitorar e avaliar a Agenda Mulheres, Paz e Segurança.
Além de reforçar a influência dos cidadãos na melhoria da qualidade dos serviços públicos, através do diálogo directo entre provedores de serviços públicos e as comunidades, o CPC passa a servir como ferramenta de avaliação da participação das mulheres e da inclusão das perspectivas de género nas negociações de paz, na planificação humanitária, nas operações de manutenção da paz e na governação pós-conflito.
“Ela por Elas” é uma iniciativa que promove a participação e a liderança das mulheres nos processos de paz, segurança e recuperação em Moçambique.
O projecto é implementado por um consórcio de organizações da sociedade civil que integra o CESC, OPHENTA e IESE, em parceria com a ONU Mulheres (entidade das Nações Unidas para Igualdade de Género e Empoderamento das Mulheres) e o governo de Moçambique, e com o apoio financeiro da Noruega.
O CESC adaptou o CPC para monitorar e avaliar a Agenda Mulheres, Paz e Segurança e definiu indicadores inspirando-se nos pilares da Resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre Mulheres, Paz e Segurança, nomeadamente a participação igualitária das mulheres na tomada de decisões em órgãos locais, provinciais, nacionais e internacionais.
“A protecção das mulheres e raparigas contra a guerra e conflitos violentos, especialmente contra violência baseada no género; a prevenção da violência contra mulheres em todas as circunstâncias; a assistência e recuperação sensíveis ao género em todas as comunidades que passaram por conflitos violentos e ou por uma crise humanitária”, refere um comunicado da CESC enviado a AIM.
É sobre essas matérias que as “sentinelas da paz” de Montepuez, Chiúre e Ancuabe foram treinadas para implementar o CPC e fazer a monitoria contínua da Agenda Mulheres, Paz e Segurança em todos os distritos de implementação do projecto “Elas por Elas”.
O treinamento incluiu a elaboração de um plano de acção distrital sobre a Agenda Mulheres, Paz e Segurança.
“Sentinelas da paz” são mulheres voluntárias reconhecidas nas respectivas comunidades pelo trabalho que fazem em prol da igualdade de género, denunciando casos de violência baseada no género, protegendo mulheres e raparigas de abusos e exploração sexual em contextos de conflitos de conflitos armados e promovendo a participação da mulher nos espaços de tomada de decisão.
A administradora de Montepuez, Isaura Máquina, destacou a importância do treinamento e a necessidade de o mesmo ser replicado em várias comunidades.
“Temos que aproveitar este treinamento do CESC para ajudar outras mulheres a livrarem-se do medo de dar a sua opinião numa sociedade dominada por homens. As mulheres devem vencer o medo e levantar-se para lutar pelos seus direitos”, defendeu.
Acrescentou que, “temos que trabalhar na criação de espaços seguros onde as mulheres possam expressar as suas opiniões e expor as suas preocupações”.
(AIM)
Fernanda da Gama (FG)/dt