
Maputo, 27 Out (AIM) – A Frelimo, o partido vencedor das eleições gerais, de acordo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE), com perto de 88 por cento dos votos, e tendo em conta a sua responsabilidade para com os moçambicanos, mostrou-se aberto a dialogar com o candidato presidencial que contesta os resultados eleitorais no país, Venâncio Mondlane.
No entanto, o partido vencedor entende que essa aproximação não pode ter espaço antes da promulgação dos resultados pelo Conselho Constitucional (CC), órgão competente para dar veredicto final sobre o processo eleitoral em Moçambique.
Existe trabalho em curso no CC relacionado ao expediente eleitoral, tendo em conta que há, seguramente, recursos interpostos que correm trâmites dentro daquele órgão.
Essa abordagem foi avançada pela porta-voz da Frelimo, Ludmila Magune, à saída de uma reunião extraordinária da Comissão Política do partido, que analisou a situação política e social do país, em função da tensão pós-eleitoral que se vive.
“A Frelimo é um partido de diálogo e está aberta ao diálogo, isso foi demonstrado pelo nosso candidato eleito. Ainda estamos a aguardar a promulgação dos resultados pelo Conselho Constitucional”, disse a porta-voz.
A Frelimo, que havia agendado uma marcha de celebração da vitória na cidade de Maputo, cancelou a passeata e optou por realizar, no sábado (26), uma jornada de limpeza das ruas da cidade de Maputo, removendo obstáculos que perturbavam a circulação de pessoas e bens.
As barricadas removidas resultaram das manifestações que tiveram lugar na quinta e sexta-feira, alegadamente em contestação dos resultados eleitorais.
Ainda na quinta-feira, o Presidente eleito, Daniel Chapo, na sua primeira aparição pública, depois do anúncio dos resultados eleitorais a seu favor com larga vantagem na ordem de 70%, prometeu ser Presidente de todos os moçambicanos, e constituir um governo dialogante, inclusive com os manifestantes que estavam na rua a contestar resultados eleitorais.
No entanto, Chapo repudiou as manifestações violentas, alertando que não seria daquela forma que os moçambicanos poderiam desenvolver o país.
“Vou ser Presidente de todos os moçambicanos, vamos constituir um governo dialogante. Vamos dialogar e conversar, incluindo com aqueles que estão a manifestar, vamos conversar com eles”, referiu.
Por sua vez, em duas comunicações na sua página oficial na rede social Facebook, o candidato vencido, Venâncio Mondlane, também se mostrou aberto ao diálogo para se encontrar saída airosa e acabar com as manifestações de rua que atrasam não só a vida dos moçambicanos, mas colocam em perigo a vida das pessoas.
Na comunicação da noite de quinta-feira à noite, que teve acima de 100 mil visualizações, Mondlane colocou uma exigência na mesa, que é a apresentação dos editais que dão vitória à Frelimo e seu candidato, como condição para negociação.
No segundo dia, numa “live” feita sábado às 14 horas de Moçambique, o candidato vencido reiterou a sua abertura para o diálogo com a Frelimo.
(AIM)
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