
Vacina oral contra a colera
Maputo, 19 Nov (AIM) – Mais de 6.500 crianças com idade inferior a 10 anos ficaram por vacina contra a Pólio tipo II, devido ao adiamento do início da campanha nacional de imunização que deveria ter iniciado na segunda quinzena de Novembro em curso.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou o facto hoje durante a comunicação à Nação sobre a situação pós-eleitoral no país, acto que teve lugar hoje em Maputo.
O adiamento do início da campanha nacional de vacinação deve-se às manifestações pós-eleitoral que se verificam desde meados de Outubro último, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados do apuramento central anunciados a 24 de Outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), ora submetidos ao Conselho Constitucional (CC) órgão soberano que compete especialmente administrar a justiça em matérias jurídico-constitucionais e, em última instância, de contencioso eleitoral no país.
O CC ainda não divulgou os resultados porque está a avaliar as reclamações apresentadas pelos partidos participantes nas eleições.
Nyusi disse que durante as manifestações, as autoridades sanitárias encerraram mais de 60 postos fixos de vacinação, e adiaram mais de 54 brigadas móveis.
“Como é que nós queremos ter uma sociedade amanhã se as nossas crianças agora não estão a ser assistidas”, disse o Chefe do Estado.
Durante o mesmo período, mais de 60 por cento dos profissionais de saúde nas unidades sanitárias do país não conseguiram ir aos seus trabalhos devido a convulsões verificadas durante as manifestações.
Com efeito, segundo Nyusi, as autoridades registaram 19 mortes, dos quais cinco são agentes da Polícia da República de Moçambique.
“Caros compatriotas, queridos jovens e moçambicanos, esses que tanto estimo, e pelos quais dou o máximo, entendemos que seja na juventude que se acumulam mais sentimentos de frustração pela persistência das dificuldades estruturais que afectam Moçambique e grande parte dos países do mundo”, vincou.
Os sentimentos da frustração juvenil, por mais legítimo que sejam, segundo o Chefe do Estado, não devem servir de motivo para destruir o frágil património do país.
Durante as manifestações, as populações recorrem á queima de pneus nas estradas, antenas de empresas de telefonia móvel, vandalização de edifícios públicos, incluindo postos policiais, de viaturas de privados, bem como assaltos à cidadãos indefesos.
Hoje, Venâncio Mondlane convocou, através da sua página de Facebook, a 2ª fase da 4ª etapa das manifestações para os próximos três dias, devendo iniciar quarta-feira (20).
Esta fase, segundo ele, compreende dois horários por dia, sendo o primeiro das 12h00 até às 12h15 [hora de Moçambique] e o último das 21h00 até às 22h00.
Com duração de 15 minutos, Venâncio Mondlane explicou que consistem ´parar tudo´ em todo o território moçambicano, e que vestidas de roupas pretas, todos os manifestantes devem parar, seja aonde estiverem, como forma de homenagear a todos que pereceram durante as manifestações.
“Quando forem 12 horas, todas as viaturas devem parar e provocar engarrafamentos, devem ao mesmo tempo buzinar. Aos que não têm viaturas devem levantar dísticos com dizeres”, disse.
Já das 21h00 até às 22h00, os manifestantes deverão bater nas panelas e em outros utensílios metálicos para provocar um barulho ensurdecedor “até que os decisores deste país percebam que não estamos bem”.
Desde 2021, as autoridades sanitárias registaram, de forma cumulativa, oito casos da variante do Pólio do tipo II, sendo cinco na província nortenha de Nampula, dois casos na central de Manica e um na província nortenha de Cabo Delgado.
(AIM)
AC/sg