
Hospital Central de Nampula
Nampula (Moçambique), 25 Dez (AIM) – O Hospital Central de Nampula (HCN) anunciou hoje (25) a ocorrência de pelo menos 21 mortos, sendo 17 extra e quatro intra-hospitalares, nas últimas 38 horas, na sequência de actos de vandalismo e desordem, desencadeados pela validação e proclamação dos resultados das eleições gerais de 09 de Outubro último em Moçambique.
Os dados foram partilhados no final desta manhã pelo director geral do HCN, Cachimo Molina, dando conta que deram entrada naquela que é a unidade de referência da zona norte de Moçambique, um total de 480 doentes, dos quais 116 com ferimentos provocados quer por arma de fogo e outros.
“O que nos chama mais atenção é que temos pacientes 116 que entraram vítimas de ferimentos, que não sabemos se foram por arma de fogo ou se foram por outras coisas”, disse.
Isso obrigou a equipa de médicos cirurgiões assim como de médicos ortopedistas, a prolongar as horas de trabalho para dar vazão ao elevado número de feridos.
Molina referiu que isso resultou no internamento de 31 pacientes, dos quais quatro foram internados nos cuidados intensivos e os restantes nas enfermarias de cirurgia e ortopedia.
“A nossa maior preocupação é com os pacientes que se encontram nos cuidados intensivos que os médicos estão a fazer o máximo para ver se podemos recuperá-los”, disse.
Referiu que um dos maiores obstáculos é o transporte dos médicos e técnicos dos seus locais de residência ao HCN. Isso deve-se as barricadas instaladas pelos manifestantes que acabam condicionando a passagem dos médicos e profissionais de saúde.
“Então temos que utilizar os meios de transporte que temos, que são as ambulâncias. Nesse momento, três ambulâncias estão a fazer essa actividade de ir levar os técnicos que nós necessitamos para a unidade sanitária, ver se podem dar apoio aos outros”, explicou.
“Também há colegas que não estão a conseguir chegar, por meios próprios, então o número de profissionais vai reduzindo. Evidentemente que isso faz com que aqueles que estão cá dentro da unidade sanitária trabalhem mais horas do que deviam”, acrescentou.
Questionado sobre a disponibilidade de sangue, a fonte respondeu que o HCN tem disponíveis apenas 70 unidades, uma quantidade exígua para as necessidades de um hospital central, sobretudo neste momento de festas e de manifestações violentas.
Disse que para uma situação sem stress seriam necessários acima de 200 unidades sangue. E como posso dar só a título de exemplo, é que nós ontem (24) gastamos mais de 35 unidades para conseguirmos salvar as pessoas.
(AIM)
RI/sg