
Maputo, 24 Dez (AIM) – O Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária em Moçambique, reportou a ocorrência de um óbito e 40 feridos por baleamento, na sequência dos tumultos desencadeados após a validação e proclamação dos resultados das últimas eleições gerais.
Os resultados, apresentados pela Veneranda Lúcia Ribeiro, presidente do Conselho Constitucional (CC), conferem uma vitória a Frelimo, partido no poder, e seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
A informação foi partilhada esta terça-feira (24), em Maputo, pelo director-geral do HCM, Mouzinho Saíde, durante o informe sobre as principais ocorrências registadas nas últimas 24 horas, o nível de prontidão face à quadra festiva e, a disponibilidade de sangue.
Saíde referiu que o Serviço de Urgências de Saúde (SUR) recebeu 40 feridos por armas de fogo, bem como 160 pacientes, contra 223 pacientes no mesmo período do ano passado, que corresponde a uma queda de 46 por cento.
“O número de doentes atendidos nas nossas unidades sanitárias tem estado a decrescer, comparativamente ao que acontece nos outros anos”, afirmou.
Acrescentou que também houve registo de 12 acidentes de viação, 11 quedas e quatro feridos por arma branca.
No entanto, com o bloqueio das vias de comunicação e violência que se verificam quase por toda a extensão da região metropolitana de Maputo, os profissionais de saúde enfrentam dificuldades para acenderem aos seus locais de trabalho.
“Mais de 200 trabalhadores não conseguiram aceder ao nosso estabelecimento hospitalar. Temos equipas a trabalhar acima de 24 horas e, há equipas que já estão a fazer 48 horas e outras 72 horas”, avançou.
Por isso, “a ausência dos profissionais de saúde complica o estado dos pacientes, principalmente o dos doentes crónicos que não conseguem aceder ao hospital para fazerem os seus tratamentos regulares, bem como o dos doentes agudos, que têm dificuldades de acesso”.
O HCM também se ressente do défice de mais de 500 unidades de sangue para pacientes com várias doenças.
“No ano 2023, nós tínhamos nesta altura do ano, 718 unidades de sangue, quantidade que estava acima das nossas necessidades e, hoje, nós temos apenas 180 unidades de sangue disponíveis, quantidade que está muito aquém das necessidades diárias”, disse.
Esclareceu a título exemplificativo que, “no dia 23 último fizemos 55 transfusões e, tivemos cerca de 20 pedidos não atendidos por falta de sangue”.
Para suprir a escassez Saíde apela aos manifestantes para que, “deixem as viaturas das unidades sanitárias circularem livremente porque transportam pessoal de saúde e doentes para as mesmas, por forma a responderem à eventuais internamentos durante a quadra festiva e outros devido à tensão pós-eleitoral”.
(AIM)
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