
Manifestacao pos-eleicoes. Foto arquivo
Chimoio (Moçambique), 18 Nov (AIM) – O serviço de urgência do banco de socorros do Hospital Provincial de Chimoio (HPC) registou a entrada de dez pacientes alvejados por balas durante as manifestações violentas ocorridas na noite de domingo (17), na cidade de Chimoio, a capital da província central de Manica.
Deste número, uma pessoa perdeu a vida e outras, em número não especificado, com ferimentos graves, foram internadas.
Há também pacientes que contraíram ferimentos ligeiros, estando a receber tratamento ambulatório.
O director clínico do HPC, Juvenal Chitovele, disse que as vítimas sofreram perfurações causadas por balas disparadas na noite de domingo nos bairros Nhamaonha, 03 de Fevereiro, Mudzingadzi, Francisco Manyanga, 07 de Abril e Nhaurir.
“Recebemos dez pacientes. Um perdeu a vida na sequência da gravidade dos ferimentos. Outros estão internados e alguns tiveram ferimentos ligeiros e estão a ser tratados em regime ambulatório “, explicou Chitovele, falando nesta segunda-feira (18), em Chimoio.
A AIM apurou que a onda de violência iniciou na noite de domingo por volta das 20 horas locais e prolongou-se até a madrugada desta segunda-feira.
Os bairros Nhamaonha, 07 de Abril, 03 de Fevereiro, Mudzingadzi e Francisco Manyanga estiveram sob fogo intenso.
A Polícia moçambicana (PRM) disparou gás lacrimogéneo e tiros para o ar, enquanto a população lançava pedras, garrafas e outros objectos contra os homens da lei e ordem.
Aliás, na manhã desta segunda-feira (18), a actividade comercial parou no mercado Francisco Manyanga, mais conhecido por 38, na cidade de Chimoio.
Queima de pneus, barricadas na rua, arremesso de pedras e outros objectos era a estratégia usada pelos manifestantes em resposta ao chamamento feito pelo candidato presidencial suportado pelo Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Venâncio Mondlane, que reivindica vitória nas VII eleições presidenciais, legislativas e IV das assembleias provinciais do passado dia 09 de Outubro.
Venâncio Mondlane considera se injustiçado após a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter o declarado segundo candidato mais votado, juntamente com o partido PODEMOS.
Há semanas que Mondlane tem estado a convocar, através das redes sociais, uma série de manifestações, maior parte das quais acabam em mortes e ferimentos, e vandalização e saque de bens públicos e privados, para exigir o que considera “justiça eleitoral”.
A cidade de Chimoio tem sido, nos últimos dias, palco de escaramuças sempre que os apoiantes e seguidores de Venâncio Mondlane, e do Podemos, fazem-se à rua para protestar contra os resultados eleitorais.
Nesta segunda-feira, o dia iniciou normalmente para os vendedores e residentes do bairro 07 de Abril e Francisco Manyanga.
Mas por volta das 10 horas locais começou o clima de tensão que forçou a paralisação de toda a actividade comercial naquele que é considerado um dos maiores mercados da cidade de Chimoio.
As bancas foram encerradas e o trânsito, em algumas vias, ficou temporariamente interrompido.
Manifestantes queimaram pneus e montaram barricadas na via pública. A via que liga a zona do Mercado 37 milímetros até ao hospital 07 de Abril esteve, durante algumas horas, intransitável.
A situação forçou a PRM a lançar gás lacrimogéneo e disparar para o ar para conter os ânimos por parte da população.
A AIM constatou a presença de menores durante as manifestações.
Muitas dessas crianças são usadas por adultos para incendiar pneus em troca de valores monetários.
No mercado Francisco Manyanga, por exemplo, até tentaram queimar algumas bancas e armazéns com produtos diversos.
O corpo de salvação pública foi chamado a intervir para debelar o fogo, numa altura em que jovens e crianças arremessavam pedras contra os agentes da lei e ordem, incluindo os soldados da paz (bombeiros).
Até por volta das 15 horas, a situação havia sido controlada pela PRM nos dois bairros, Francisco Manyanga e 07 de Abril.
Há relatos de feridos graves e ligeiros, nas escaramuças desta segunda-feira, embora ainda esteja em curso o balanço final em termos de vítimas.
O ambiente era considerado calmo até pelo menos o fim da tarde desta segunda-feira.
No entanto, a PRM, nas suas diversas especialidades, continua no terreno para garantir a segurança e ordem públicas.
Em todos os locais considerados focos de violência foram colocados agentes da Polícia fortemente armados para monitorar a situação.
(AIM)
NM/mz