
Antigo candidato presidencial do maior partido da oposição em Moçambique, Venâncio Mondlane
Maputo, 21 Jan (AIM) – O antigo candidato presidencial do maior partido da oposição em Moçambique, Venâncio Mondlane, diz estar pronto para, caso seja convidado pelo Presidente da República, Daniel Chapo, a integrar o governo e colaborar com todas a suas energias para ultrapassar a crise política que se instalou no país.
Por sua vez, Chapo afirma que o governo, formado recentemente por si, tem em vista acomodar o seu principal concorrente nas VII eleições presidenciais, para com isso formar um “governo inclusivo”.
Chapo e Venâncio Mondlane foram entrevistados, separadamente, pela BBC e ambos manifestaram a sua inteira disponibilidade à reaproximação, após aproximadamente quatro meses de manifestações violentas, convocadas pelo segundo maior candidato mais votado, que reivindica vitória nas eleições.
O Conselho Constitucional, o órgão deliberativo em última instância, de matérias do contencioso eleitoral e de matérias jurídico-constitucionais, proclamou vitória de Chapo, com 65,17 por cento, contra 24,19 por cento de Venâncio Mondlane.
A cerimónia de investidura de Chapo teve lugar quarta-feira (15) cerca de uma semana depois de Venâncio Mondlane de se autoproclamar “presidente do povo”, acto que teve lugar no Aeroporto Internacional de Maputo.
No entanto, Venâncio Mondlane frisa que, no entanto, decidiu suspender as manifestações violentas durante os primeiros 100 dias do mandato de Chapo, sob algumas condições, nomeadamente: libertar incondicionalmente cerca de 5.000 manifestantes detidos; pagar compensações financeiras às famílias dos mortos pela polícia durante os protestos e; oferecer tratamento médico gratuito para cerca de 200 feridos pela polícia, entre outras.
Venâncio Mondlane assegura à BBC que, se Chapo concordasse com as condições, ele “abriria uma janela” para negociações ou então convocaria seus seguidores a retomarem as “manifestações mais violentas”.
Questionado se estaria preparado para trabalhar no governo de Chapo, Venâncio Mondlane disse que “sim, se ele (Chapo) tiver interesse genuíno em trabalhar comigo. Ele (Chapo) tem a chance de me convidar para a mesa de diálogo”.
Por seu turno, Chapo afirma que queria “governar de forma inclusiva” e introduzir reformas para abordar preocupações sobre a Lei Eleitoral, direitos humanos e liberdade de expressão.
Segundo Chapo, antes da sua investidura, as negociações estavam ocorrendo com líderes dos partidos políticos representados na Assembleia da República, o parlamento moçambicano, cujos deputados tomaram posse segunda-feira (13).
Chapo acrescenta que mais tarde seriam ampliadas para incluir todos os segmentos da sociedade.
Questionado se acreditava que Venâncio Mondlane manifestou interesse para servir no governo, Chapo disse “vai depender (…) porque há uma equipa que está neste momento a considerar o perfil, se é para o povo, têm as devidas competências, a meritocracia, o patriotismo; todos e outros pré-requisitos são necessários”.
O Chefe do Estado moçambicano acrescenta que “se a equipe chegar à conclusão de que essas pessoas têm o perfil certo, farão parte do governo. Quem não tiver esse perfil não participará”.
Suportado pela Frelimo, partido no poder, Chapo (47) diz à BBC que deseja que o investimento local e estrangeiro aumente em Moçambique para tornar a economia “mais dinâmica”.
Isto ajudaria a criar empregos para os jovens, para que pudessem “construir as suas casas, estabelecer as suas famílias e estabilizar as suas vidas”.
Apoiado pelo Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) Venâncio Mondlane, de 51 anos, demonstrou ter um apoio considerável dos jovens, depois de os ter reunido durante a campanha eleitoral com o slogan “Salve Moçambique! Este país é nosso!”.
O PODEMOs conseguiu colocar três dezenas de deputados no parlamento, tornando-se assim no maior partido da oposição, lugar ocupado outrora pela Renamo, que se tornou no segundo da oposição.
(AIM)
Ac/sg