
Maputo, 06 Fev (AIM) – A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) contraria o Banco de Moçambique, o regulador do sistema financeiro nacional, e alerta para a escassez de divisas no mercado nacional, factor que pode contribuir para o aumento da inflação.
A preocupação foi expressa pelo seu presidente da CTA, Agostinho Vuma, em conferência de imprensa sobre o mercado de capitais havida hoje (6) em Maputo.
Assim, a agremiação desmente o Banco de Moçambique que, recentemente, garantiu a existência de divisas em quantidade suficiente para satisfazer a demanda do mercado.
Para o efeito, Vuma apresentou documentos que apontam para a falta de liquidez em moeda dos bancos comerciais para os clientes, bem como uma lista de empresas cujas facturas foram submetidas aos bancos comerciais para pagamento e que não foram satisfeitas.
De acordo com a agremiação, os valores desta lista apresentada ao Banco de Moçambique estão estimados em 402 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2024.
“A CTA vem por meio desta reagir a este posicionamento do BM por considerá-lo “pouco sensível” para os problemas que as empresas, como fazedores da economia, têm enfrentado”, disse Vuma.
Afirma que, nos encontros rotineiros de diálogo com o Banco de Moçambique, a CTA levou 15 representantes de empresas mais afectadas para um encontro de trabalho, com o regulador do sistema financeiro, para trabalhar no sentido de encontrar as razões por detrás dos atrasos que se verificam, mas, infelizmente, nunca houve uma resposta concreta.
“Portanto, no mesmo período em que as compras líquidas dos bancos comerciais junto aos seus clientes aumentavam, os activos externos líquidos dos bancos tendiam a reduzir. De Novembro de 2023 para 2024 reduziram em 12,8%. Quando se faz a mesma análise num espaço de dois anos, nota-se que a redução foi mais acentuada, portanto, em 47,5%”, refere a CTA.
Segundo a fonte, os sectores mais afectados, excluindo o de combustíveis, é a indústria transformadora, particularmente, devido a importação da matéria-prima e equipamentos.
Segue o turismo, porque as companhias áreas internacionais suspenderam a emissão dos bilhetes em algumas agências, a partir de Moçambique, devido a dificuldade de repatriar a respectiva receita que deve, sempre, ser o contravalor em dólar.
Vuma afirma que, o BM insiste que não se trata de problemas de liquidez em moeda externa.
Por isso, a CTA convida todas as empresas com pedidos de pagamentos de facturas de importação ou termos de compromissos em aberto há mais de três meses, que não tenham sido satisfeitos, para submeter as cópias da referida documentação nos seus escritórios para que possam ser encaminhados ao Banco de Moçambique para efeitos de respectivo pagamento.
A CTA acusa o Banco Central de estar a olhar para esta liquidez dos bancos comerciais apenas como posição cambial positiva, o que transmite uma visão enganadora quando não se tem em conta as obrigações para as quais essa posição deve ser aplicada.
(AIM)
PC/sg