
Cerca de 70 por cento da população moçambicana vive a base da agricultura
Maputo, 21 Fev (AIM) – O Relatório sobre o Desenvolvimento Agrário em Moçambique 2002-2020, realizado pelo Crescimento inclusivo em Moçambique (IGM), um programa de pesquisa e desenvolvimento de capacidades que apoia o país desde 2015, alerta sobre o legado de conflitos e insegurança que colocam em causa o desempenho agrário empurrando o sector para a categoria de baixa produtividade.
O fraco desempenho é exacerbado por choques frequentes (económicos e climatéricos), zonas de consumo distantes das áreas de produção, fraco investimento na modernização e mecanização e orçamento aquem das espectativas.
Estas são as conclusões do documento foi apresentado hoje, em Maputo, pelo professor e consultor da Universidade de Copenhaga (Dinamarca), Finn Tarp. O mesmo apresenta tendências, desafios e oportunidades de um sector considerado pela Constituição da República como a base do desenvolvimento do país, e actualmente fonte de rendimento de cerca de 70 por cento da população e contribuído acima de 20 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano.
“Estou em Moçambique desde os anos 80 e as guerras e inseguranças sucessivas têm impactado negativamente no desenvolvimento agrário no país. A importância deste relatório é que traz dados harmonizados na base de inquéritos agrícolas realizados em 18 anos e parceria com o antigo Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural”, disse a fonte na sua apresentação.
O relatório, dá maior enfoque ao desempenho dos pequenos agricultores nas últimas duas décadas, analisando suas condições de vida e de trabalho e consequentemente o desempenho produtivo desde o inicio do século, traçando um caminho histórico dos conflitos no país para explicar os condicionalismos subjacentes a transformação do sector agrário.
Apesar do quadro apresentado, o relatório conclui que a agricultura continua a estar no centro da trajectória de desenvolvimento de Moçambique, no entanto, recomenda para dar prioridade aos pequenos agricultores, melhorar as infra-estruturas, melhorar os serviços de extensão, sem descurar da importância de criação de um quadro politico propício para a prática da actividade agrícola.
O Ministro de Planificação e Desenvolvimento, Salim Valá, presente no acto, realçou a importância do documento para o desenho de políticas públicas eficazes para o sector agrário. “É importante que instituições vitais, como a agricultura, os produtores, as associações de produtores, as instituições que financiam os agricultores e em toda a sua cadeia de valor, possam ter essa evidência científica. isso ajuda a iluminar boas políticas, boas estratégias”, disse o governante.
De acordo com o ministro, os recursos são escassos, por isso devem ser orientados para as áreas que podem trazer um efeito multiplicador na economia, na sociedade, no desenvolvimento, concordando que as políticas agrárias do país devem priorizar o pequeno agricultor para que tenha maior relevância na cadeia produtiva.
“Um dos grandes desafios para os pequenos produtores é incrementar a produtividade. Devem ter capacidade de usar insumos, sementes, fertilizantes e outras tecnologias que permitam aumentar a produção e produtividade”, vincou.
(AIM)
PC/sg