
Maputo, 26 Fev (AIM) – Estudo aponta que a baixa produtividade da agricultura em Moçambique contribui para a persistência da pobreza, principalmente nas famílias das zonas rurais que dependem da agricultura para a subsistência.
Os dados estão vertidos no Relatório sobre o Desenvolvimento Agrário em Moçambique 2002-2020, realizado pelo Crescimento inclusivo em Moçambique (IGM), um programa de pesquisa e desenvolvimento de capacidades que apoia o país desde 2015, que concluiu que o desempenho da agricultura de pequena escala no país é largamente inferior à de países vizinhos.
“Por exemplo, a produtividade do milho em Moçambique é geralmente baixa comparado com outros países da região. Enquanto Moçambique produz cerca de uma tonelada por hectare, a Africa do Sul produz cinco toneladas por hectare. Quatro a cinco toneladas por hectare na Ásia e América do Sul e 11 toneladas por hectare nos Estados Unidos de América”, refere o relatório.
Contribuem para o fraco desempenho agrário no país, factores como diminuição de tamanho médio da terra cultivada, limitação do uso de insumos agrícolas, comercialização limitada e orçamento deficitário atribuído ao sector pelas entidades governamentais, e combinação de desafios que prejudicam o rendimento agrícola.
Sobre a redução do tamanho da área cultivada, o documento revela que, entre 2002 e 2020, a área cultivada pelos pequenos produtores reduziu cerca de 21% a nível nacional, factor que contribui para o aumento da pobreza, principalmente no seio dos agregados familiares.
O documento ilustra que o uso de sementes melhoradas, fertilizantes, pesticidas, irrigação e maquinaria, apesar de disponibilidade, os pequenos produtores tiveram acesso limitado.
“A província central de Tete destaca-se com maior taxa de utilização de fertilizantes (15% em 2002 e 16% em 2020), enquanto as províncias da Zambézia e Sofala (centro) registaram taxas mais baixas (1,57% e 1,54%, respectivamente, em 2020 e 1% e 0,72% em 2002). O uso de pesticidas foi ainda mais limitado com uma média nacional de 4,2% e a doação de equipamento continua também baixo com média de 10%)”, escreve o documento.
Em relação ao orçamento alocado, de acordo com as políticas e estratégias do sector, o relatório avança que, entre 2007 e 2022, os investimentos do Estado Moçambicano no sector foram insuficientes para cobrir as necessidades de financiamento e operacionalização das estratégias estabelecidas, alertando que os desembolsos ficaram abaixo do previsto, com um déficit médio anual de 2,9 mil milhões de meticais (o dólar equivale a cerca de 64 meticais).
Para reverter o cenário, o relatório recomenda a mudança do foco na abordagem, com a priorização dos pequenos agricultores, que representam a maior parte do sector agrícola do país que ainda é dominado por agricultura de pequena escala.
“Optar por políticas que priorizam pequenos agricultores é essencial para melhorar a produção, aumentar a contribuição do sector ao PIB e reduzir a pobreza”, lê-se no documento.
(AIM)
Pc/mz