
Objecto voador não tripulado (drone)
Maputo, 03 Abr (AIM) – As autoridades moçambicanas anunciaram esta quinta-feira (03), o uso de drones (objecto voador não tripulado) para reforçar a capacidade de prevenção e de resposta emergencial aos desastres naturais, como ciclones e cheias, bem como salvar vidas humanas e bens. .
Trata-se de um projecto de cobertura nacional, lançado hoje (03), a ser implementado pelo Governo, através do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), que conta com o financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
“O país deve se adaptar às mudanças climáticas e adoptar sistemas de aviso prévio, porque não podemos mudar o país da zona geográfica onde está, mas podemos, sim, aprender a viver com esses eventos extremos sem que eles causem estragos na nossa vida, sendo resilientes, para podermos salvar vidas e bens”, disse o director-geral do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), Adérito Aramuge, durante o lançamento do Projecto de Gestão de Desastres baseado em drones.
Aramuge espera que o país fortaleça a capacidade de fazer a monitoria de desastres, como cheias, antes e depois da ocorrência do evento extremo, tal como outros países, com o uso de drones numa extensão de cerca de 150 metros de altura e uma extensão de cerca de dois a três quilómetros.
Ao explicar a importância dos drones na redução do impacto dos desastres, referiu que, estes são eficazes no fornecimento detalhado de informações e imagens reais dos acontecimentos para melhor tomada de decisão do gestor de desastres.
“Se temos uma estrada cortada numa zona alagada e, do outro lado temos a população, é possível, através de drones, saber o número da população, identificar as vias de acesso para aquele local e ter as imagens reais do que está acontecendo no outro lado das enxurradas”, acrescentou.
Segundo Aramuge, o arranque do projecto está previsto para o mês de Maio “O equipamento já foi produzido e está na Coreia, o que falta é fazer a sua importação para o país e, depois, usarmos os drones para a formação propriamente dita”.
Entretanto, os gestores de desastres, de diferentes sessões, já beneficiaram de um treinamento “muito superficial”, para que lhes permite ter uma base inicial do que é um drone, como é pilotado e como se pode recolher a informação necessária para a gestão de desastres.
Por sua vez, o ministro das Telecomunicações e Transformação Digital de Moçambique, Américo Muchanga, disse que, “o projecto marca um passo importante na transformação da forma como o nosso país enfrenta os desafios impostos pelos eventos extremos, de origem hidrometeorológica, que têm causado grandes danos à nossa população e infra-estruturas”.
Através deste projecto serão fornecidos quatro drones ao país, produzidos pela Coreia do Sul, entre os quais consta um drone de treino, utilizado para o mapeamento, monitorização e investigação de extensas áreas.
Segundo o dirigente, a utilização desta tecnologia, para a previsão e gestão dos desastres naturais que têm assolado o país, facilitará na obtenção de dados precisos e em tempo real das áreas afectadas, “preservando assim vidas humanas”.
“O uso de drones como ferramentas para a monitoria e mapeamento das áreas afectadas, é uma solução inovadora que promete transformar a forma como lidamos com estes desastres”, explicou.
Américo Muchanga avançou que, o plano inclui ainda o treino de técnicos das áreas de gestão de desastres e clima de Moçambique, para o manuseio destes aparelhos.
Akposso Marcelle, representante do BAD, explicou que, muito além do avanço tecnológico, este projecto representa um “compromisso claro” com a segurança das populações. “Mais do que a entrada de tecnologias, visa fundamentalmente salvar vidas, reduzir os riscos de desastres e melhorar a capacidade de resposta de Moçambique”.
Akposso Marcelle acrescentou que, o projecto será implementado seis meses, após a entrega dos drones, em meados de Maio.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, mas também períodos prolongados de seca severa.
Aliás, entre Dezembro e Março, o país já foi atingido por três ciclones, que destruíram milhares de casas e infra-estruturas, provocaram cerca de pelo menos 175 mortos, no norte.
Eventos extremos, como ciclones e tempestades, provocaram pelo menos 1.016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afectando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
(AIM)
NL/sg