
Maputo, 19 Nov (AIM) – Moçambique poderá beneficiar, nos próximos anos, de fundos provenientes da República Popular da China para materializar o seu roteiro nacional sobre sistemas de aviso prévio.
O projeto foi lançado em Agosto último, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, no âmbito da iniciativa “Aviso Prévio para Todos” do Secretário- Geral das Nações Unidas, António Guterres.
A informação foi avançada esta segunda-feira (18), pelo director-geral do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), Adérito Aramuge, que integra a delegação moçambicana que participa na Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) que decorre de 12 a 22 de Novembro em Baku, Azerbaijão.
Segundo Aramuge, a janela de financiamento surge na sequência do lançamento pela China, à margem da COP29, do Plano Estratégico de Aviso Prévio para Todos 2025-2027, que prevê, na sua abordagem, apoiar os países em via de desenvolvimento para a materialização dos seus roteiros nacionais.
Moçambique está na lista dos 30 países elegíveis para acederem aos fundos ligados aos sistemas de aviso prévio.
“O passo a seguir face ao lançamento deste plano é Moçambique, através do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), aproximar-se à China e colher mais detalhes sobre como deve proceder para aceder e beneficiar de alguma ajuda no quadro das actividades já delineadas”, explicou.
“Aviso prévio para todos” é uma iniciativa que prevê que todos os países do mundo tenham sistemas de aviso prévio estabelecidos. Moçambique já elaborou o seu roteiro estimado em pouco mais de 70 milhões de dólares e envolve o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), Instituto Nacional de Gestão de Desastres Naturais (INGD), Cruz Vermelha de Moçambique (CVM) e o Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM), entidades cujo impacto das intervenções depende, em grande medida, da sua capacidade de prever a ocorrência de fenómenos naturais.
O dirigente falou igualmente do lançamento, pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), do pacote de financiamento de projectos de estabelecimento de sistemas de aviso prévio em países em desenvolvimento, no valor de cerca de 400 milhões de dólares americanos.
Para o país aceder a uma parcela desta doação deverá elaborar e submeter, até Fevereiro do próximo ano, um projecto com orçamento que varia entre 200 mil e 1.3 milhão de dólares.
Se a candidatura for aprovada pelo júri que vai avaliar as propostas estarão criadas as condições para a realização de parte das actividades que constam no roteiro nacional.
Aramuge explicou que os países africanos encontram-se em estágios diferentes operacionais no que diz respeito à provisão de informação climática, havendo necessidade de impulsionar o avanço daqueles que ainda estão numa fase inicial.
Relativamente a Moçambique, a fonte assegura que “estamos bem, mas o nosso lema é corrigir o que está errado e melhorar aquilo que está bem”.
“Queremos atingir o estágio daqueles países que têm um sistema de informação climática avançado. Mas até lá existe esta necessidade de injecção financeira”, afirmou.
As acções do sector de meteorologia contam com o apoio do Governo que tem vindo a mobilizar fundos junto de parceiros.
Constitui o exemplo disso, a instalação do radar meteorológico na cidade central da Beira e a expansão da rede de observação no âmbito da iniciativa presidencial “Um distrito uma estação meteorológica”.
Espera-se que, ainda este ano, arranquem as obras para o estabelecimento de mais dois radares.
Nesta segunda e última semana da COP29, o director-geral do INAM assegura que vão continuar encontros de mobilização de recursos e de troca de experiência com outros países em via de desenvolvimento, abrangendo matérias sobre o aviso prévio, integração e colaboração entre as instituições relevantes no processo.
(AIM)
Elias Matsinhe (Colaboração)/mz