Legenda: Grupo de 16 moçambicanos repatriados do Laos, vítimas de tráfico humano. Foto OIM
Maputo, 29 Ago (AIM) – O grupo de cidadãos 16 moçambicanos, incluindo duas mulheres, que se encontravam sob custódia policial das autoridades laocianas chegaram hoje (29) em Moçambique, vítimas do tráfico humano, após terem recebido visto de repatriamento naquele país asiático.
Os outros sete ainda estão em parte incerta.
O seu regresso ao país é resultado de uma missão cumprida com sucesso que envolveu os Ministérios, dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, do Interior, Procuradoria-Geral da Republica e da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O facto foi avançado pelo director-geral do Instituto Nacional das Comunidades Moçambicanas no Exterior (INACE) Armando Muiuane, que falava à imprensa, hoje no Aeroporto Internacional da Beira, província central de Sofala.
“É com enorme satisfação que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação anuncia hoje que já se encontram em solo pátrio os 16 moçambicanos vítimas de tráfico humano na República Democrática e Popular do Laos, e detidos na província laociana de Lung Namtha há vários meses”, disse.
Em meados de Junho último, um vídeo posto a circular nas redes sociais, publicado por Alberto Timocene, mostra um dos moçambicanos retido em Laos, rodeado de uma dezena de cidadãos, em que dizia estar sujeito em condições desumanas, implorando pela ajuda das autoridades moçambicanas para serem repatriados.
Na sequência das diligências feitas, dias depois, o governo disse não saber como é que os cidadãos foram parar naquele país asiático, prometendo seguir o caso, avançando a hipótese de se tratar de vítimas de tráfico humano.
As autoridades moçambicanas apuraram que os 23 cidadãos moçambicanos já não se encontram no local de trabalho inicial, por se terem evadido e, involuntariamente, se terem desmembrado do grupo.
“Como é do vosso conhecimento, em [finais de] Maio do corrente ano o governo, tomou conhecimento, da existência de 23 cidadãos moçambicanos na República Democrática e Popular do Laos, os quais estavam sujeitos a trabalhos forçados e sem clareza sobre a sua contratação”, disse.
Após ter tomado conhecimento da situação, de acordo com Muiuane, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique iniciou “de imediato e de forma intensa”, protocolos diplomáticos disponíveis em Maputo, na capital do Vietname, Hanói, e Vientiane, capital do Laos.
Os protocolos visavam, explicou o director-geral, obter informação útil e alcançar soluções para este intricado fenómeno de tráfico humano.
Muiuane reconhece a eficácia entre os governos, de Moçambique, de Laos, do Vietname e a Organização Internacional das Migrações (OIM).
“Reconhecemos e agradecemos os esforços conjuntos e a coordenação diplomática que possibilitaram esta intervenção humanitária, que demonstra a importância das parcerias transfronteiriças e da cooperação internacional para enfrentar desafios complexos como o tráfico de pessoas”, disse.
De acordo com Muiuane, em coordenação com as autoridades laosianas, vietnamitas e OIM, o Executivo moçambicano continua a envidar esforços para localizar os restantes sete moçambicanos, “que ainda continuam em parte incerta e como tal, não manifestaram interesse em voltar”.
Falando durante a cerimónia de recepção, o secretário de Estado na província de Sofala, Manuel Rodrigues, afirmou que a dor dos repatriados é sua dor também.
“Queremos, como província, reafirmar que iremos fazer de tudo para que o vosso regresso para junto das vossas famílias seja igualmente seguro e que, de lá, consigam se reintegrar na vida social”, disse Rodrigues, para de seguida exortar aos jovens a agudizar a vigilância como forma de evitar o tráfico humano. “Continuemos atentos a qualquer tipo de manipulação, ou qualquer tipo de engano”.
Hoje, a OIM emitiu uma nota de imprensa segundo a qual os moçambicanos repatriados receberam promessas de salário mensal equivalente a 100.000 meticais (1.500 dólares, ao câmbio corrente) e empregos dignos.
Na chegada, na Beira, agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal barraram entrevistas aos moçambicanos repatriados sem nenhuma explicação.
(AIM)
Ac/sg
