
Docentes universitários e representantes das agências públicas de avaliação da qualidade do ensino superior dos PALOP reunidos em Maputo
Maputo, 11 Set (AIM) ‒ O director de programas de graduação do Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC), Elton Sixpence, defende que a Inteligência Artificial (IA) representa uma transformação fundamental e com inevitável aplicação no ensino superior, entretanto recomenda que a classe docente se reinvente para garantir a manutenção da qualidade.
Sixpence, que também é presidente do Colégio de Informática e Computadores na Ordem dos Engenheiros de Moçambique (OrdEM), falava na manhã de hoje (11), em Maputo, durante a Conferência e Assembleia Geral da Rede de Agências de Avaliação de Qualidade no Ensino Superior dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (RAAQES-PALOP).
A fonte convidou os presentes a uma reflexão subordinada ao tema “Implicações da IA na garantia de qualidade no Ensino Superior e na pesquisa e inovação”.
O evento, organizado em colaboração com o Conselho Nacional de Avaliação da Qualidade do Ensino Superior (CNAQ), vai decorrer durante os próximos quatro dias.
Falando sobre as oportunidades da IA, Sixpence sublinhou a sua rápida evolução, que culminou com diversas ferramentas que executam funções antes demoradas e com esforço humano, o que pode contribuir para fragilizar a capacidade cognitiva dos estudantes.
Assim, a acção da classe docente é colocada em teste “os professores têm que mudar a sua forma de ensinar e avaliar”, lamentando o facto de haver “professores que nem sequer fazem ideia do potencial da inteligência artificial”.
Reconheceu que esta realidade não significa que os professores sejam maus profissionais, entretanto, “não têm tempo para entender o que está a acontecer à sua volta, enquanto os meninos que nasceram já digitalizados estão em melhores condições”.
Isso foi notável durante o período da pandemia da Covid, onde “foi mais simples ensinar os alunos a usar as ferramentas de ensino online do que os próprios professores”.
Sixpence arrolou algumas ferramentas de IA mais utilizadas e suas respectivas aplicações, incluindo seus ganhos, revelando que, pela necessidade de constante compreensão da temática da IA, o período 2010-2022 o mundo assistiu a vários estudos científicos que até superaram os realizados antes disso.
“Só em 2022 foram publicados cerca de 200 mil artigos científicos na área da inteligência artificial. Este é um número que quase duplicou em relação aos artigos publicados na última década”, disse.
“O CHAT GPT, que é uma aplicação famosa no domínio da inteligência artificial, em cinco meses conseguiu um milhão de utilizadores e hoje estima-se que mais de 500 milhões de interacções são feitas diariamente, o que significa que a inteligência artificial é algo com muita relevância e vale a pena entender”, acrescentou.
Realizou demonstrações da utilização da IA para fins de academia, nas quais a IA executou tarefas humanamente muito exigentes, em apenas alguns segundos, mostrando o seu potencial para a dinamização de tarefas.
Reafirmou as oportunidades da IA em diversas áreas incluindo a educação, chamando atenção aos desafios a si atrelados, podendo ser de natureza ética, social, técnica e de regulação e governança, relacionados a privacidade e vigilância; desigualdade no acesso a tecnologia; confiabilidade dos sistemas, entre outros.
Concluiu destacando a necessidade de equilíbrio entre a inovação e a prudência na aplicação da IA, algo que apenas será possível mediante uma abordagem multidisciplinar da temática, pois, “o futuro da IA depende das escolhas que fazemos hoje”.
Já , o director nacional do Ensino Superior, Hortêncio Comissal, enalteceu o facto de Moçambique acolher o evento, destacando que o mesmo se afigura “um espaço privilegiado para juntos alcançarmos a excelência académica e científica do sistema de ensino superior dos PALOP”.
Afirmou, também, que a garantia de qualidade deixou de ser mera exigência administrativa, para ser um imperativo estratégico para assegurar que as instituições de ensino superior respondam de forma eficaz às necessidades de desenvolvimento sustentável.
Comissal assegurou que o governo de Moçambique está comprometido com a garantia da qualidade no ensino superior, o que se pode ver através de “um forte investimento na consolidação do CNAQ que hoje desempenha um papel crucial na definição de referências padrões e metodologias alinhadas com as melhores práticas internacionais”.
(AIM)
XM /sg