
Maputo, 15 de Set (AIM) – O Fórum de Negócios Moçambique–Itália abriu hoje em Maputo com uma forte mensagem do ministro italiano da Agricultura, da Soberania Alimentar e das Florestas, Francesco Lollobrigida, que defendeu o agronegócio e o desenvolvimento de cadeias de valor agrícolas como motores da cooperação entre os dois países.
O governante destacou que a visão italiana para África rejeita tanto a exploração predatória do passado quanto a lógica assistencialista e em alternativa, propôs uma parceria assente em inovação, partilha de potencialidades e criação de riqueza.
“Queremos abordar com o mesmo espírito que caracterizou o grande homem italiano Enrico Mattei: crescer juntos, colocando à disposição um do outro o seu potencial”, afirmou Lollobrigida.
Segundo o ministro, a Itália vê Moçambique como um parceiro estratégico para expandir cadeias de valor agrícolas capazes de competir nos mercados internacionais. “Não se trata apenas de autossuficiência alimentar, mas de transformar os alimentos e as produções agrícolas em riqueza, através de exportações competitivas e indicações geográficas que tornem os produtores fortes nas linhas de distribuição”, explicou.
Durante a sua visita a mercados locais em Maputo, Lollobrigida disse ter ficado impressionado com a qualidade dos produtos nacionais. “Esta manhã tive a oportunidade de ver um mercado de peixe extraordinário, com produtos de grande qualidade, e um mercado de frutas com enorme potencial comercial, onde muitas mulheres demonstram preparação e capacidade para valorizar os seus produtos”, afirmou.
O governante sublinhou que Itália quer investir na capacitação de mulheres empreendedoras e jovens, setores que considera chave para o crescimento. “Estou convencido de que as mulheres são mais competentes do que os homens. Por isso, estamos a investir em conjunto com a cooperação internacional nas mulheres empresárias capazes de criar valor acrescentado”, destacou.
A aposta passa também por colocar à disposição de Moçambique tecnologia agrícola de ponta. “Temos as melhores máquinas agrícolas do mundo. Custam mais, mas duram mais, são mais fiáveis, produzem mais e criam mais riqueza. O nosso objetivo é garantir que as empresas moçambicanas possam utilizá-las”, disse Lollobrigida, destacando ainda a experiência italiana em cadeias produtivas organizadas e competitivas.
A cooperação abrange igualmente setores como a energia, com a participação de empresas como a Eni, que exploram a ligação entre agricultura, energia e riqueza.
Por sua vez, o ministro moçambicano da Agricultura, Roberto Albino, sublinhou que a parceria com Itália é vital para os projetos em curso no país. “Esperamos investimentos na ordem de 160 milhões de dólares norte-americanos, fundamentais para dinamizar a agricultura e consolidar a nossa estratégia de desenvolvimento rural”, afirmou.
Com o Plano Mattei como pano de fundo, Itália e Moçambique procuram reforçar uma cooperação que alia tradição e inovação, com foco na soberania alimentar, criação de valor local e inserção competitiva nos mercados globais.
Ainda hoje, foram assinados vários instrumentos jurídicos entre os dois países para operacionalização de projectos de desenvolvimento.
(AIM)
Paulino Checo/