Director nacional de logística no Ministério dos Transportes e Logística, Fernando Ouana
Maputo, 28 Set (AIM) – O governo moçambicano estabeleceu como meta elevar a contribuição do sector de logística na economia nacional de oito para 20 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) até 2027, graças aos investimentos estruturantes em curso nos três principais corredores.
As autoridades consideram insignificante a contribuição actual, tendo em conta o potencial do país e, para o efeito, projectam investimentos estruturantes no sector.
O objectivo é mais do qe duplicar o peso da logística na economia, numa altura em que as projecções do governo apontam um conjunto dos projectos que poderão permitir, num horizonte de 2 a 3 anos aumentar as receitas do sector.
A meta ambiciosa foi partilhada, há dias, pelo director nacional de logística no Ministério dos Transportes e Logística, Fernando Ouana, em entrevista a AIM.
“A contribuição da logística está a níveis mínimos. Precisamos de aumentar, porque o país pode viver de logística, e é esse o nosso esforço”, afirmou
Sobre os investimentos em curso, a fonte considera o Corredor de Maputo, zona sul, como motor de ligação entre Moçambique, África do Sul, Botswana e Zimbabwe onde, actualmente, estão em curso investimentos orçados em cerca de dois mil milhões de dólares para ampliar a capacidade do Porto de Maputo, incluindo a modernização do terminal de contentores e de carvão.
O pacote contempla ainda um novo sistema de descarga de vagões, que permitirá reduzir os constrangimentos de manuseamento de mercadorias no porto de Maputo. A fronteira de Ressano Garcia também está na agenda, com esforços conjuntos entre Moçambique e África do Sul para integrar sistemas aduaneiros e migratórios (fronteira de paragem única), além de modernizar o quilómetro 4, ponto de estrangulamento para os camiões de carga.
“O objectivo é garantir uma maior fluidez no acesso ao porto pela N4 e reforçar a competitividade do corredor, que serve não apenas Moçambique, mas também o interior da África Austral”, explicou Ouana.
Além disso, estão em curso intervenções na linha férrea para o Zimbabwe, infra-estrutura essencial para atrair mais carga daquele país e do Botswana para o Porto de Maputo.
Na região centro, a fonte considera o Corredor da Beira como vital para o Zimbabwe, Zâmbia e Malawi, mas reconhece os sérios constrangimentos que enfrenta. Partilhou que, só no Porto da Beira, estão em execução investimentos destinados à modernização dos terminais e aquisição de novos equipamentos.
O maior nó de estrangulamento está na fronteira de Machipanda, onde longas filas e infra-estruturas degradadas tornam a travessia crítica.
O governo prevê construir uma nova ponte de duplo sentido e modernizar os processos alfandegários, incluindo a criação de um porto seco, semelhante ao modelo do quilómetro 4, para agilizar desembaraços.
“Actualmente, há dias que leva mais de 24 horas para atravessar a fronteira de Machipanda e isso é inaceitável para um corredor regional”, reconheceu Ouana.
Outro desafio é o congestionamento no manuseamento de combustíveis do porto da Beira, província de Sofala. Por isso, a meta é elevar a capacidade de três milhões de metros cúbicos, no terminal de combustíveis, para cinco milhões. Em paralelo, está em estudo a criação de um novo pipeline que vai ligar o porto da Beira a Harare, capital zimbabweana, aliviando o trânsito de camiões cisterna e reduzir os custos logísticos para a Zâmbia e outros mercados.
No norte, Ouana falou do Corredor de Nacala que dispõe do porto mais moderno do país, mas carece de maior integração ferroviária para atingir o seu pleno potencial.
Vale lembrar que o Porto de Nacala, na província de Nampula, é o maior de águas profundas na costa oriental de África, com capacidade para acomodar navios de grande calado e uma porta de entrada natural para o Malawi e a Zâmbia.
Referiu que, o desafio principal é a extensão e modernização da linha férrea, que ainda tem troços inacabados e limita o transporte de mercadorias em massa.
Ouana garante que Governo moçambicano já está a trabalhar com parceiros regionais para tornar o corredor uma rota estratégica para a exportação de minérios e importação de combustíveis e bens de consumo.
“Nacala pode tornar-se um eixo estruturante da integração regional se conseguirmos estender a ferrovia e atrair volumes consistentes de carga da Zâmbia e do Malawi”, sublinhou o responsável.
Garantiu que nos próximos anos o sector vai trabalhar arduamente para ganhar espaço e colocar a logística como o motor da economia.
(AIM)
Paulino Checo /sg
