
Secretário de Estado na província de Nampula, Plácido Pereira
Nampula (Moçambique), 04 Out (AIM) – O 4 de Outubro, Dia da Paz, foi assinalado na província de Nampula, norte de Moçambique, num ambiente marcado por uma certa apreensão devido a incursões terroristas no distrito de Memba, fronteira com Cabo Delgado, que culminaram com a destruição de habitações e deslocamento de pessoas.
O Secretário de Estado em Nampula, Plácido Pereira, manifestou a sua preocupacão, esta manhã, tendo confirmado a destruição de dezenas de habitações e o deslocamento de pessoas, cujo número ainda falta apurar.
As incursões ocorreram há dias em dois povoados dos postos administrativos de Lúrio e Chipene, no norte de Nampula.
Pereira afirmou que até ao momento não há relato de vítimas humanas, mas confirma-se a destruição de 45 habitações de populares e o deslocamento de pessoas, ressalvando que são dados que ainda estão a ser contabilizados.
Em saudação na parada das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, (FADM), na Praça dos Heróis, o governante reconheceu o seu papel na garantia da paz e das instituições do Estado.
“Hoje deparamo-nos com este fenómeno que não é só em Moçambique, mas internacional que é o terrorismo que está a afectar Cabo Delgado, a destruir infra-estruturas e famílias. Este conflito está com tendência de se alastrar para a nossa província”, afirmou.
Referiu que Moçambique comemora a efeméride num momento particular, caracterizado pela persistente acção terrorista em Cabo Delgado que promove a insegurança e a instabilidade social.
“À semelhança da guerra de 16 anos, cujo térmico celebramos hoje, o terrorismo está causando deslocados internos, dor, luto e põe em causa o bem-estar. A intolerância política causada por dificuldades de coabitação e partilha de espaço político, protagonizado por alguns actores políticos, não contribui para a consolidação da paz e harmonia social, bem como para a conjugação de esforços para a promoção do desenvolvimento sustentável do país e da província em particular”, anotou.
Pereira reafirmou que o governo tem manifestado a sua disponibilidade e abertura incondicional ao diálogo, um pressuposto fundamental para que a paz prevaleça.
“O diálogo nacional inclusivo, recentemente lançado pelo Presidente da República, Daniel Chapo, cujo processo de lançamento da auscultação pública na província de Nampula está previsto para o próximo dia 6 de Outubro, é uma base sólida e uma oportunidade inquestionável para uma reflexão aberta, inclusiva, que permitirá acertar os aspectos que ainda nos dividem, com vista a promover a estabilidade política e a paz no país”, recordou.
O governante aproveitou a oportunidade para destacar o papel que as instituições religiosas desempenham para a promoção da paz no país.
“No contexto das celebrações desta data, destacamos a relação entre o Estado e as instituições religiosas que têm impactado positivamente na estabilidade política e social do país. Uma das obras marcantes protagonizadas pelas confissões religiosas foi a sua participação activa na negociação e mediação do processo que culminou com a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992”, disse.
Realçou que o papel das confissões religiosas não se limita apenas na mediação de conflitos para a busca da paz.
“O país espera delas uma contribuição na moralização da sociedade, a sensibilização social para a prevenção de doenças, combate ao terrorismo, mitigação dos efeitos de mudanças climáticas, entre outras”, acrescentou.
Já o representante da Comunidade Santo Egídio em Nampula, Mathaia Abudo lamenta a violência que parece estar a tornar-se normal.
“Enquanto comemoramos a paz em Moçambique muitos povos continuam a sofrer terrivelmente uma guerra. Na Ucrânia, em Gaza, no Sudão. Também pensamos no sofrimento dos nossos queridos irmãos em Cabo Delgado. Vivemos num mundo em que a guerra parece tornar-se normal, mas o que deveria ser considerado normal é a paz”, pontuou.
Abudo lamentou aquilo que considera de armadilha da ilusão de solução armada.
“Infelizmente, aqueles que tomam decisões parece terem caído na armadilha da ilusão da solução armada esquecendo o perigo que ela representa. A verdadeira solução não são as armas, mas o diálogo. A guerra não constrói nada apenas traz consigo destruição e torna o mundo estéril porque queima tudo e o futuro”.
Concluiu a sua intervenção apelando à manutenção da paz.
“Hoje somos chamados a apostar num outro caminho que é a paz. A paz é frágil e deve ser cultivada cada dia.
(AIM)
RI /sg