
Droga
Maputo, 08 Out (AIM) – O número de cidadãos atendidos pelos serviços de prevenção e tratamento do consumo de drogas na Cidade de Maputo registou um aumento de 46 por cento no primeiro semestre do corrente ano.
Os dados foram tornados públicos esta quarta-feira (08), em Maputo, pelo director do Gabinete de Prevenção e Combate às Drogas da Cidade de Maputo (GPCD-CM), Filimone Naftal, durante o Fórum Multissectorial dos Sectores que Intervêm na Prevenção e Combate à Droga na capital moçambicana.
Segundo Naftal “as unidades hospitalares e os centros de tratamento atenderam um total de 5.951 pacientes neste primeiro semestre, contra 4.070 registados no mesmo período de 2024, o que representa um acréscimo expressivo da procura por cuidados especializados”.
Do total, 1.086 pacientes foram assistidos em regime de internamento, destes 1.038 são do sexo masculino e 48 do sexo feminino, e 4.865 em regime externo.
“Estes números revelam não apenas a gravidade do fenómeno, mas igualmente a crescente confiança das comunidades nos serviços de acompanhamento e reinserção social prestados pelo município”, afirmou.
Durante o mesmo período, 7.731 jovens receberam aconselhamento e acompanhamento psicossocial, ultrapassando em 10,4 por cento a meta estabelecida de 7.000.
Deste universo, 6.543 eram homens e 1.188 mulheres, o que, segundo Naftal, “reflecte o impacto das acções comunitárias e o empenho dos activistas de base, cuja intervenção tem sido determinante na prevenção secundária”.
No tocante à reintegração social, 296 pacientes foram reintegrados nas respectivas famílias após processos de tratamento e acompanhamento.
“O trabalho de reintegração é essencial para assegurar que o indivíduo não apenas recupere clinicamente, mas encontre também apoio e aceitação no seio familiar”, observou Naftal, acrescentando que “a família constitui o primeiro pilar no combate à recaída e ao isolamento”.
Os dados apresentados indicam igualmente que o álcool continua a ser a substância mais consumida entre os munícipes, com 1.737 casos registados nas consultas externas e 402 internamentos. A faixa etária compreendida entre 14 e 35 anos é a mais afectada, com 253 casos de internamento por consumo nocivo de álcool.
Para Naftal, esta situação “é alarmante, pois atinge a população jovem, que representa a força motriz da cidade, tanto do ponto de vista económico como social e cultural”, tendo defendido a necessidade de “reforçar as políticas de prevenção e sensibilização junto da juventude, de modo a travar a progressão do consumo e prevenir casos de dependência”.
Importa referir que no Centro Piloto da Mafalala, foram atendidos 7.707 consumidores de drogas, dos quais 4.910 foram testados. Entre estes, 408 testaram positivo e 338 foram devidamente encaminhados para tratamento, o que, conforme destacou o director, “demonstra a importância da articulação entre a resposta clínica e a intervenção comunitária”.
Naftal considerou ainda a relevância das visitas domiciliares e do acompanhamento contínuo, que atingiram 1.066 actividades no semestre, reforçando a abordagem integrada entre os serviços de saúde pública, as comunidades e as famílias.
“Mais do que tratar, pretendemos reintegrar. O nosso propósito é oferecer uma segunda oportunidade a cada cidadão afectado pelo consumo de drogas”, concluiu.
Por seu turno, o Secretário de Estado na Cidade de Maputo, Vicente Joaquim, destacou a necessidade de consolidar os avanços alcançados e enfrentar os desafios persistentes do consumo e tráfico de drogas, tendo sublinhado a importância da coordenação interinstitucional.
“Saudamos os avanços até aqui alcançados, porém, reconhecemos que os desafios continuam e exigem uma resposta concertada, envolvendo governo, sociedade civil e famílias.”
Joaquim enfatizou também a prevenção primária junto da juventude. “A reintegração social e o acompanhamento comunitário são essenciais para que os jovens recuperem a sua trajectória de vida e contribuam positivamente para a cidade.”
Por fim, reforçou a necessidade de monitoria e avaliação contínuas, consideradas fundamentais na criação de mecanismos de acompanhamento para garantir a eficiência e melhoria constante das intervenções.”
Elogiou o papel das equipas de apoio psicossocial e dos activistas comunitários.
“Reconhecemos o trabalho notável desenvolvido pelas equipas de apoio psicossocial, que realizaram 165 visitas, superando as metas estabelecidas.
Além disso, apontou a formação de 112 activistas comunitários, entre estudantes e técnicos de instituições parceiras, “que hoje representam uma linha de frente na disseminação de mensagens antidroga.”
(AIM)
NL/sg