Chimoio (Moçambique), 10 Nov (AIM) – As longas filas de camiões de longo curso que entram para o vizinho Zimbabwe através da fronteira de Machipanda, na província de Manica, centro de Moçambique, estão a preocupar os automobilistas que acabam permanecendo dois ou três dias na Estrada Nacional número seis (EN6).
O problema também verifica-se do lado do Zimbabwe, onde também há enormes filas de viaturas de carga que pretendem entrar em Moçambique. As filas chegam a atingir cerca de cinco quilómetros.
Aliás, a demora ocorre na fronteira de Machipanda, que dá acesso ao Zimbabwe.
As filas de camiões que saem do porto da Beira, na província central de Sofala, para o Zimbabwe ou outros países do interior chegam a atingir 15 quilómetros, do lado moçambicano, começando na fronteira de Machipanda até quase na cidade de Manica.
Alguns automobilistas ouvidos pela AIM alegam que a demora deve-se a alguns procedimentos aduaneiros dos dois países, Moçambique e Zimbabwe.
Ângelo Manhenga, camionista de longo curso, descreveu a situação como sendo preocupante porque há vezes que tem permanecido três a quatros dias na estrada, num troço de 15 quilómetros até à fronteira de Machipanda.
“São duas enormes filas de camiões. Quando chegamos a Messica temos a primeira fila onde foi montado um posto de controlo das alfândegas. Aí podemos ficar um ou dois dias. Depois temos outra fila que começa um pouco depois da cidade de Manica até a fronteira de Machipanda, uma distância de quase 15 quilómetros”, disse Ângelo, bastante agastado.
Acrescentou que “são filas enormes. Por vezes ficamos em zonas onde não tem sanitários nem banheiros. Somos obrigados a fazer as nossas necessidades biológicas no mato. Não temos como fazer a higiene pessoal. Há vezes que ficamos dias sem tomar banho. Não temos lugares para comprar alimentos. É uma situação bastante complicada”.
Por sua vez, Benedito Mateus, também automobilista de longo curso, disse ser um problema que deveria ser resolvido pelos governos dos dois países.
“A cada dia, o problema se agudiza. As filas são enormes. Ficamos em zonas onde não há muita segurança. Levamos carga diversa do porto da Beira (Moçambique) até Zimbabwe e outros países do interior. A carga pode correr risco de ser roubada porque paramos quase no mato. Sem segurança mínima”, referiu a fonte.
“Nós mesmos é que devemos controlar a carga durante a noite para no dia seguinte seguir viagem sem repousar. Ficamos a noite a controlar a carga e no dia seguinte continuar a viagem. Não é muito saudável e seguro para nós”, explicou.
Outro automobilista é Aristides Fazenda que também lamentou o facto de as filas serem longas e sem solução à vista.
“Quando perguntamos o que se passa dizem que estamos a trabalhar para solucionar o problema. Mas quem está a sofrer na estrada somos nós. Pedimos que os dois governos revejam esse problema e tragam a solução”, afirmou Fazenda.
Entretanto, a AIM apurou que o governo da província de Manica está a trabalhar para resolver o problema.
Uma das alternativas encontrada para flexibilizar os procedimentos aduaneiros é criar melhores condições de trabalho na fronteira, o que passa pela construção de uma Paragem Única.
Em finais do ano passado (2024), os governos de Moçambique e Zimbabwe acordaram a abertura das fronteiras de Machipanda e de Fobs (Zimbabwe) 24 horas por dia, como forma de ajudar a descongestionar a fronteira.
Os dois postos de travessia funcionavam das 06 (seis) às 22 horas.
Esta terça-feira (11), uma equipa do governo provincial de Manica e do Zimbabwe tem agendada um encontro bilateral onde será discutida, com profundeza, a travessia na fronteira de Machipanda.
Machipanda é a segunda maior fronteira terrestre moçambicana depois de Ressano Garcia, na província de Maputo, sul do país.
(AIM)
Nestor Magado (NM)/mz
