Sofrimento de crianças e mães na Faixa de Gaza. Edifícios em ruínas
Lisboa, 22 Jul (AIM)- Portugal integra um grupo de mais de 20 países que assinaram declaração pedindo fim da guerra na Fixa de Gaza, depois de ter travado, semana passada, inclusão de referência explicita à crise humanitária em Gaza na “declaração de Bissau, saída da Cimeira da CPLP, realizada na capital guineense.
Trata-se de 25 ministros das Relações Exteriores de vários países europeus, asiáticos, da América do Norte e de outros cantos do mundo, para além da Comissão Europeia, que assinaram esta segunda-feira (21) uma carta em que pedem o fim da guerra na Faixa de Gaza dizendo que o ‘sofrimento dos civis precisa parar’. A revelação acontece no dia em que tanques de Israel entraram, pela primeira vez, na região de Deir al-Balah, parte central do enclave palestino.
Segundo o Exército de Israel, essa área possui militantes do Hamas, além de alguns dos reféns que estão presos pelo grupo. O país emitiu ordens de evacuação na região, uma das mais populosas actualmente em Gaza. Israel bloqueou a Faixa de Gaza, estando o território privado de alimentos, água e electricidade.
A carta, em que os ministros das Relações Exteriores de mais de 20 países pedem o fim da guerra, é assinada por Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Polónia, Portugal, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido, além da Comissão Europeia.
“A negação, pelo governo israelita, de assistência humanitária essencial à população civil é inaceitável. Israel deve cumprir suas obrigações sobre o Direito Internacional Humanitário. Os reféns cruelmente mantidos em cativeiro pelo Hamas desde 7 de Outubro de 2023 continuam sofrendo terrivelmente. Condenamos sua detenção contínua e pedimos sua libertação imediata e incondicional”, diz um trecho da carta, citado pela imprensa lisboeta.
Os países também criticam a continuidade da construção de colonatos na Cisjordânia, retirando a população civil da região. Além disso, cita a violência de colonos contra palestinos em Jerusalém.
“Instamos as partes e a comunidade internacional a se unirem num esforço comum para pôr fim a este terrível conflito, por meio de um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente”.
A declaração termina defendendo o apoio aos esforços dos Estados Unidos da América (EUA), Catar e Egipto para alcançar o cessar-fogo na região.
Israel rejeita a declaração dos 25 países
Israel rejeitou ainda esta segunda-feira a declaração conjunta de 25 países, incluindo Portugal.
“Todas as declarações e afirmações devem ser dirigidas à única parte responsável pela ausência de um acordo para a libertação dos reféns e de um cessar-fogo: o [movimento islamita palestiniano] Hamas, que iniciou esta guerra e a está a prolongar”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, em comunicado, citado pela RTP.
Vários analistas e comentadores sublinham que a Europa, em particular, a União Europeia, está “baralhada” com a guerra na Faixa de Gaza. Para além de não comunicar a uma só voz, fala de manhã de violação de direitos humanos na Ucrânia pela Rússia, à noite vende armas a Israel para matar mulheres e crianças palestinianos, incluindo bebés nas incubadoras
A guerra na Faixa de Gaza já provocou a morte de mais de 56 mil palestinianos, na sua maioria mulheres e crianças, segundo Organização das Nações Unidas e diversas organizações humanitárias que actuam no enclave.
Partidos de esquerda na AR pedem audição do MNE
É de recordar que o Partido Socialista, a terceira força política na Assembleia da República (AR), o parlamento português, anunciou semana passada que vai pedir uma audição ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, a propósito da decisão de Portugal travar a inclusão de uma referência explícita à crise humanitária em Gaza na “declaração de Bissau”, durante os preparativos da XV Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorreu na sexta-feira (18) na Guiné-Bissau
Também os partidos Livre, PCP (Partido Comunista Português), Bloco de Esquerda e Pessoas-Animais-Natureza (PAN) criticaram abertamente a decisão e enviaram questões a Paulo Rangel, exigindo que explique a posição de Portugal.
A proposta, apresentada pela sociedade civil no âmbito da reunião do conselho de segurança alimentar e nutricional da CPLP, visava condenar a instrumentalização da fome como arma de guerra, com menção directa à situação das crianças palestinianas.
(AIM)
DM
