Presidente moçambicano, Daniel Chapo, com o homólogo brasileiro, Lula da Silva, a margem da Cimeira dos Líderes Mundiais da COP30
Nelúcia Manhiça, da AIM
Belém (Brasil), 07 Nov (AIM) – O Presidente da República, Daniel Chapo, defende que a justiça climática deve traduzir-se em financiamento previsível e acessível, para a construção de infra-estruturas resilientes e promoção de projectos de adaptação climática em países vulneráveis, como Moçambique.
O Chefe de Estado defendeu esta asserção esta sexta-feira (07), em conferência de imprensa, em Belém do Pará, que marcou o fim da sua participação na Cimeira dos Líderes Mundiais da COP30, evento que considera de “extremamente positiva”.
Sobre a participação de Moçambique, Chapo destaca que a actuação do país esteve assente em dois eixos principais, justiça ambiental e financiamento climático.
“Os países que mais poluem devem compensar financeiramente os que sofrem as consequências, como Moçambique, que quase não polui”, afirmou o Chefe do Estado, sublinhando que “sem recursos previsíveis, não haverá verdadeira justiça climática”.
O Presidente recordou que Moçambique é “um dos 10 países mais vulneráveis do mundo”, enfrentando “cheias, inundações, secas e ciclones praticamente todos os anos”, como consequência directa das mudanças climáticas.
Chapo elogiou o empenho do homólogo brasileiro, Lula da Silva, na mobilização de recursos para o financiamento climático, tendo sido anunciados 5,5 mil milhões de dólares norte-americanos para apoio a acções globais de mitigação e adaptação.
“Nós, como país, já aprovámos o Plano Estratégico de Financiamento Climático e criámos todos os instrumentos necessários para aceder a estes recursos”, explicou. Por isso, apela para que haja “menos burocracia e maior flexibilidade nos mecanismos de acesso, sobretudo para os países em vias de desenvolvimento”.
O estadista adiantou que Moçambique continuará a aperfeiçoar os mecanismos internos ligados ao mercado de carbono e a partilhar experiências de adaptação climática, reforçando a sua voz nas instâncias internacionais.
“Fala-se muito de justiça climática e de financiamento, mas é preciso passar de palavras à acção”, afirmou, acrescentando que o país está comprometido com o cumprimento das metas do Acordo de Paris até 2030.
Chapo concluiu afirmando que a presença de Moçambique na COP30 reforçou a voz do país no debate global sobre o clima, permitindo consolidar parcerias e perspectivar novos instrumentos de acesso ao financiamento internacional.
“O nosso objectivo principal é transmitir a nossa experiência, dar voz a Moçambique e continuar a construir infra-estruturas e a desenvolver o país com base em financiamento climático”, referiu.
Durante a sua estada no Brasil Chapo manteve encontros bilaterais com o seu homólogo, Lula da Silva, com o Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Ould Tah e com o Príncipe dos Países Baixos, Jaime de Parma.
Ainda em Belém, o Chefe de Estado reuniu-se com estudantes moçambicanos residentes no Estado do Pará.
(AIM)
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