Maputo, 10 nov (AIM) – a robustez empresarial em moçambique registou um ligeiro crescimento no III trimestre do presente ano, segundo a confederação das associações económicas (cta) do país.
a cta, na sua qualidade de representante do sector privado, tem feito monitoria da tendência do desempenho das empresas, buscando informações específicas através das quais elabora o índice de robustez empresarial.
Nesta quinta-feira, a organização apresentou, em Maputo, os resultados da monitoria, numa sessão que serviu, também, para reflectir sobre a actual tendência do desempenho empresarial em moçambique.
Segundo o presidente da cta, Agostinho Vuma, a avaliação deste último trimestre aconteceu, sem dúvidas, num contexto no qual a economia regista duas velocidades.
“Uma velocidade, guiada pelos grandes projectos no sector extractivo que está a registar crescimentos extraordinários. aqui, realçamos a importância e a ansiedade da retoma do projecto da área 1, liderado pela Total Energies. a outra é guiada pelos sectores tradicionais da economia, onde têm crescimentos bastantes ligeiros e/ou negativos com destaque para a indústria transformadora, pescas e construção civil”, disse.
Neste contexto, Vuma observou que a tendência do índice de robustez empresarial, no III trimestre do ano em curso, foi de ligeira melhoria, em um ponto percentual, tendo se fixado em 29 por cento, contra 28 por cento do trimestre anterior.
“Este desempenho, ainda que superior ao trimestre anterior, mostra-se bastante frágil”, afirmou.
Quanto às razões deste desempenho empresarial, Vuma disse que são várias, uma das quais tem a ver com o início tardio da época de comercialização agrícola, devido às cheias e inundações registadas no início do ano, que afectou as vias de acesso e organização da rede comercial que escoa os produtos.
Os constrangimentos enfrentados na comercialização agrícola, segundo a fonte, incluem, desde as questões logísticas até ao acesso do certificado fitossanitário, a questão da gestão das quotas de exportação de feijão boer, entre outros aspectos.
“Chamamos atenção ao governo que estes constrangimentos podem afectar, desde o próprio feijão bóer, gergelim e sucessivamente castanha de cajú e outros”, alertou
“Para se perceber o porquê desta afirmação: é que os mesmos comerciantes do feijão bóer, gergelim são os mesmos da castanha de cajú, as infraestruturas de logística são as mesmas. então, quando a campanha de um produto corre má, afecta a dos produtos seguintes. as nossas estimativas apontam que, medidas se não forem tomadas, cerca de 20 por cento das exportações agrícolas poderão estar comprometidas”, argumentou Vuma.
Desde modo, apelou ao presidente da república, Filipe Nyusi, para que se tome uma decisão firme de liberalização da exportação do feijão bóer.
Para a cta, outra razão do modesto desempenho foi o aumento de encargos financeiros com a banca.
“A subida sucessiva da taxa mimo de 13,25 por cento em janeiro de 2022 para 17,25 por cento em setembro do mesmo ano, e não tendo alterado até hoje, combinado com a subida da taxa de reservas obrigatórias para 39 por cento, levou ao aumento do endividamento das empresas junto a banca”, explicou Vuma.
refira-se que cerca de 48,5 por cento do crédito concedido vai para as empresas. actualmente, a taxa de juro activa do mercado atingiu os 32 por cento em setembro, contra os 27 por cento que estava, antes das alterações na política monetária.
“Os novos postos de emprego têm sido sustentados pelas contratações a tempo parcial ou temporário. isto podemos ver com o aumento do índice de emprego temporário e em tempo parcial 10.3 pontos percentuais. a demanda de mão-de-obra para atender ao início da comercialização agrícola registou um aumento de 28 por cento para 38,3 por cento, justificada em grande parte pelas actividades de colheita e logística de produtos”, disse.
por fim, o contínuo acúmulo das facturas por pagar aos fornecedores, por parte do estado é a outra razão deste modesto desempenho.
“Isto significa que as empresas, maioritariamente, as PMEs (pequenas e médias empresas) estão a financiar o estado e, com isso, limitando o seu crescimento. a despesa pública, numa situação desta, acaba sendo adversa e prejudicial para a economia”, defendeu.
A cta propõe que o governo crie limites máximos de acumulação dos atrasados para que essa despesa seja controlada e monitorada.
“Isto ajudaria a limitar o crescimento de facturas atrasadas e aumentaria a disciplina por parte do tesouro em relação aos pagamentos ao sector privado”, disse Vuma.
(aim)
dt