
Presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), Agostinho Vuma
Maputo, 20 Fev (AIM) – As manifestações pós-eleitorais que eclodiram no último trimestre causaram um prejuízo calculado em 32,2 mil milhões (cerca de 504 milhões de dólares) à economia moçambicana e levaram à perda de mais de 17 mil postos de emprego à escala nacional.
Vale lembrar que as manifestações violentas foram convocadas pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane inconformado pela derrota. Os danos colaterais também incluem mais de 300 mortos e milhares de feridos.
Os dados resultam de um universo de 955 empresas afectadas durante as manifestações, das quais, 260 nas três primeiras fases e 695 empresas foram afectadas na última fase registada em Dezembro do ano passado.
O levantamento foi apresentado hoje (20), pelo Presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), Agostinho Vuma, durante a apresentação do primeiro Economic Briefing de 2025.
“Agregando os valores das perdas em todas as fases, podemos afirmar com certeza que o impacto das manifestações foi negativo e custou à economia cerca de 32,2 mil milhões de meticais, arrastando consigo mais de 17 mil postos de emprego”, disse Vuma.
Segundo a agremiação dos empresários, cerca de 51 por cento, das 955 empresas afectadas, sofreram vandalização totais e/ou saques das suas mercadorias.
Como forma de assegurar a rápida recuperação das empresas afectadas directamente pelas manifestações, a CTA propõe, entre outras, a criação de um Fundo para a Recuperação Empresarial.
“A par destas medidas, propomos a reestruturação dos empréstimos dos clientes afectados pelos protestos e a aplicação de um regime idêntico ao protocolo utilizado durante a pandemia da COVID-19 para flexibilizar os requisitos regulatórios associados a essas reestruturações, de modo a resultar no alívio dos requisitos prudenciais para as reestruturações de crédito destes clientes”, acrescentou.
De modo geral, e com relação ao desempenho empresarial do último trimestre do de 2024, o Índice de Ambiente Macroeconómico registou um decréscimo considerável quando comparado com o terceiro trimestre do mesmo ano, tendo baixado de 53 por cento para 50 por cento.
“O Índice de Robustez Empresarial nacional registou uma redução de cinco pontos percentuais no quarto trimestre de 2024, face ao terceiro trimestre, saindo de 30 por cento para 25 por cento”.
Assim, para a recuperação desses indicadores, a CTA propõe que o Banco de Moçambique crie um sistema de compensação aos bancos comerciais que aplicarem a Prime Rate com um spread negativo, previamente definido, para a agricultura e indústria, particularmente a agro-indústria.
Segundo os empresários, esta proposta pode ser materializada através de uma taxa de reservas obrigatórias mais baixas para os bancos que investem na agricultura, e/ou dedução em baixa das reservas obrigatórias do crédito que for concedido para o sector da agro-indústria.
“A nossa proposta é que este quadro de política monetária possa ser implementado para se atingir uma taxa de juro de oito por cento a 12 por cento para a produção alimentar, processamento e industrialização”, disse o presidente da agremiação.
Acrescentou que, em termos de ganhos, as vantagens dessa política podem permitir a redução da importação dos cerca de 2,1 mil milhões de dólares na balança de pagamentos e na redução da pressão cambial, o que contribuiria para controlar a inflação.
(AIM)
SC/sg