Maputo, 14 Fev (AIM) – A Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, movimentou toda sua máquina para a tomada de posse de Manuel Araújo, em Quelimane, província central da Zambézia, numa clara demonstração de interesse de transformar o segundo maior círculo eleitoral do país no seu principal campo de batalha política num ano eleitoral.
Fizeram-se à Quelimane, saídos de Maputo, Celestina Bomba, secretária-geral do partido, Leopoldo Ernesto, presidente da Mesa do Conselho Nacional da Renamo, Viana Magalhães, chefe da bancada a nível da Assembleia da República (parlamento moçambicano), Molde Gusse, do Conselho Jurisdicional do partido, Ivone Soares, deputada e membro de grande influência interna, e Fernando Mazanga, Vice-presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Também se deslocaram a Quelimane, Inácio Reis, chefe do Departamento de Mobilização e Propaganda, Augusto Magaure, chefe da organização e estatística interna do partido, Maria Inês Martins, deputada da Assembleia da República, delegados provinciais, chefes de mobilização, entre outros quadros que compõe a espinha dorsal destacados para o evento.
O analista político e académico Paulo Guambe, relaciona o aparato da Renamo em Quelimane como uma mensagem política que o líder da Renamo, Ossufo Momade, pretende transmitir, sobre a importância estratégica que Quelimane joga como espaço que pode servir, de ponto de partida, para a mobilização do eleitorado da Zambézia, o segundo maior círculo eleitoral depois de Nampula.
O académico entende igualmente que faz todo sentido que a Renamo seja mais presente na Zambézia, através da sua máquina político-partidária, tendo em conta que o Município de Quelimane é a única autarquia importante que o partido controla, depois de ter perdido Nampula e Nacala.
“É preciso perceber que a Zambézia é o segundo maior círculo eleitoral e esse aparato pode significar a importância que a Renamo atribui àquela província num ano eleitoral”, disse o analista e académico.
Segundo a fonte, para além da alegada importância estratégica que Quelimane que joga nas aspirações futuras da Renamo, o líder daquela formação política também passa a mensagem de que, apesar de alguns desentendimentos internos, continua a confiar no Manuel de Araújo como um quadro com quem conta para os próximos desafios do partido.
“Como se sabe, o Araújo estava insatisfeito e várias vezes manifestou que se sentia abandonado pela liderança durante a contestação dos resultados eleitorais. Então, Ossufo Momade pode estar a tentar uma reconciliação, mas não penso que esteja a pensar em indicar o Araújo como candidato à presidência da Renamo, porque Momade ainda pretende continuar a usufruir das benesses do líder do segundo mais votado”, vincou.
Refira-se que, nas últimas eleições autárquicas, a Renamo ganhou quatro municípios: Quelimane, Alto Molocué, Chiúre e Vilankulo e, neste momento, a meio à contestação da sua liderança pelas bases, vai realizar o Conselho Nacional em Abril, reunião que irá decidir sobre o congresso e eleição do próximo presidente daquela formação partidária.
Até agora estão confirmadas três intenções de candidatura à presidência da Renamo, com destaque para Venâncio Mondlane, que foi assessor de Momade e cabeça de lista nas últimas eleições autárquicas para a cidade de Maputo, e Elias Dhlakama, irmão do falecido líder desta força política, Afonso Dhlakama.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/dt