Maputo, 21 Fev (AIM) – O governo acredita que, até 2030, a economia moçambicana deverá atingir uma taxa de crescimento anual de cerca de 10 por cento – mas apenas se os grandes projectos de gás natural liquefeito (GNL) estiverem operacionais.
As projecções do governo mostram que o crescimento económico caiu de 2,3% em 2019 para menos 1,1% em 2020, um colapso em grande parte devido à pandemia de Covid-19.
Após a pandemia, registou-se uma recuperação substancial para atingir 4,15 por cento em 2022 e cinco por cento em 2023. A projecção para este ano é de um crescimento de 5,56%, aumentando para 7,2% em 2026 e 8,5% em 2028.
Dois grandes projectos de liquefacção de gás estão parados. Em Abril de 2021, a multinacional francesa de petróleo e gás, TotalEnergies, declarou força maior para suspender todas as actividades do seu projecto de GNL, devido a um grande ataque de terroristas islâmicos na cidade de Palma.
Em Janeiro, a direcção da TotalEnergies expressou a sua vontade de retomar as operações na Área 1 da Bacia do Rovuma em resultado de uma melhoria das condições de segurança. Mas isto foi antes do recente recrudescimento dos ataques terroristas nas últimas semanas e, por isso, ainda não foi anunciada uma data firme para a retoma da TotalEnergies em Cabo Delgado.
O segundo projecto é o investimento, ainda não formalmente anunciado, companhia petrolífera americana ExxonMobil, e pela empresa italiana de energia Eni, na Área 4 na Bacia do Rovuma. A Exxon Mobil ainda não decidiu se vai anunciar uma Decisão Final de Investimento.
Um terceiro projecto concluído, de menor dimensão, também pertencente ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante para capturar e processar gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022, cuja capacidade instalada é de 3,4 milhões de toneladas por ano (mtpa) de gás natural liquefeito.
A Área 1 tem como objectivo 13,12 mtpa e o plano em terra para a Área 4 prevê 15 mtpa. Assim, os três projectos, quando entrarem para o funciona em pleno, poderão produzir cerca de 31,5 mtpa.
A empresa americana de consultoria financeira Deloitte considera que as reservas de gás natural de Moçambique representam uma receita potencial de 100 mil milhões de dólares.
“As vastas reservas de gás do país poderiam fazer de Moçambique um dos 10 maiores produtores mundiais, responsável por 20% da produção africana até 2040”, segundo um relatório da Deloitte de 2024 sobre as perspectivas energéticas de África.
Mas estas perspectivas optimistas dependem da segurança. Se não estiverem satisfeitas com as condições de segurança, a TotalEnergies não retomará os trabalhos e a ExxonMobil não se comprometerá.
(AIM)
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