Guro (Moçambique) 10 Abr (AIM) – As autoridades sanitárias esperam vacinar um total de 188.989 pessoas durante a campanha de tratamento massivo contra a tracoma em três distritos da província de Manica, centro de Moçambique.
Trata-se dos distritos de Guro, Tambara e Macossa, regiões consideradas como tendo casos da doença.
A tracoma é uma doença tropical negligenciada, causada por uma bactéria denominada Chlamydia trachomatis, que a sua complicação pode levar à cegueira irreversível.
A sua transmissão acontece de forma directa, através de mãos sujas, utensílios, panos ou mesmo toalhas que podem passar dos olhos de um indivíduo contaminado para uma pessoa sã.
A mosca é outra via de transmissão. Ao pousar em um indivíduo doente, pode propagar a doença para as comunidades.
Os principais sintomas são a sensação de corpo estranho, comichão, lacrimejo e sujidades nos olhos.
Em Moçambique, a tracoma afecta milhares de pessoas desde crianças, adultos e velhos e constitui a segunda principal causa da cegueira evitável no mundo.
A campanha que iniciou está quarta-feira (10), cujo lançamento oficial teve lugar na sede do distrito de Guro, terá a duração de cinco dias.
Para o sucesso da campanha, serão envolvidos activistas que vão trabalhar até às comunidades mais recônditas de cada um dos três distritos.
O director provincial de saúde, em Manica, Firmino Jaqueta, assegurou estarem criadas todas as condições para que a campanha decorra sem grandes constrangimentos.
Explicou que o tratamento consistirá na administração de tetraciclina oftalmológica em crianças de zero a menos de seis meses.
Também será dada azitromicina em suspensão, a partir dos seis meses, a menores de sete anos de idade e, em comprimido, para indivíduos com mais de sete anos de idade até aos adultos.
“A melhor maneira de combater a doença é a higiene individual, lavagem da cara pelo menos três vezes por dia, saneamento do meio, o uso correcto das latrinas, higiene da casa, comunidade e tratamento desta doença” disse Jaqueta.
“Este número dos que serão tratados corresponde a 80 por cento da população alvo. Mas o tratamento vai abranger toda a população. Para o sucesso da campanha, contamos com voluntários identificados nas comunidades, devidamente treinados e que vão administrar a medicação”, explicou.
Jaqueta apelou a população dos três distritos para aderir a campanha que abrange pessoas de todas as idades.
“O governo e parceiros têm criado condições para prover saúde de qualidade à população. Portanto, o nosso apelo é que todos tomem o medicamento que será administrado nas comunidades durante os próximos cinco dias. O tratamento é totalmente gratuito”, disse.
Os três distritos ainda apresentam uma prevalência da tracoma em cinco por cento, uma taxa que as autoridades sanitárias consideram um problema de saúde pública.
Para eliminar a dor doença foram desenhadas estratégias que passam por campanhas de tratamento massivo contra a tracoma, que estão a ser feitas em três anos consecutivos.
“Anualmente é feita uma campanha. Depois de três anos, será feita outra avaliação da situação de prevalência nestes distritos”, anotou a fonte.
Em Moçambique, um total de 65 distritos das províncias de Niassa, Nampula, Zambézia, Manica, Tete e Sofala são endémicos à tracoma.
Destes, pelo menos 19 têm critérios para fazer a campanha de tratamento massivo. Os restantes pararam com o tratamento. Porém, apenas decorrem trabalhos de vigilância.
(AIM)
Nestor Magado (NM)/dt