
Desfile do 1º de Maio em Maputo
Maputo, 01 Mai (AIM) – As celebrações do Dia Internacional do Trabalhador, uma efeméride que hoje se assinala no mundo inteiro, incluindo Moçambique, foi marcado por apelos à melhorias salariais e trabalho digno.
Em Nacala, província de Nampula, norte de Moçambique, as celebrações acabariam sendo manchadas por um acidente, envolvendo uma pá escavadora, que acabou ceifando a vida de uma funcionária do Banco Comercial de Investimentos (BCI).
Testemunhas oculares relatam que tudo aconteceu quando o motorista perdeu o controlo da pá escavadora. Outras três pessoas também contraíram ferimentos.
Entretanto, já foi lançado uma investigação para apurar as causas do acidente.
As celebrações do corrente ano também tiveram a particularidade de dar uma maior voz aos trabalhadores domésticos, que se juntaram a outras de cerca de 54 mil trabalhadores que marcharam na cidade de Maputo.
Os trabalhadores domésticas exigem uma maior protecção contra abusos perpetrados pelos empregadores, incluindo abusos sexuais.
Em Maputo, a marcha, como tem sido tradicional foi desaguar na Praça dos Trabalhadores. A marcha, que iniciou por volta das 09h00, estendeu-se até cerca de 12h30, os trabalhadores moçambicanos encontravam um espaço para colocar os problemas que os afligem.
Por coincidência a efeméride ocorre um dia depois de o governo provocar os novos salários mínimos para o sector privado. Segundo a OTM-Central Sindical, o salário mínimo mais baixo apenas cobre 11 por cento do cabaz básico.
Por isso, durante o desfile a maioria dos trabalhadores reivindicava melhores salários
Refira-se que os novos salários mínimos variam de 3,13 a 18 por cento. Já não existe um salário mínimo nacional único. Por isso, o salário mínimo é negociado por sector e subsector. Isto significa que existem actualmente 18 salários mínimos distintos.
“O meu maior desagrado é que, mesmo trabalhando, não consigo resolver os problemas da minha vida porque o que ganhamos é pouco”, desabou Arlindo Nhalungo, num breve contacto com a AIM.
Umas das coisas que podia dar dignidade aos trabalhadores, acrescentou, “seria um salário que combine com o custo de vida pois, na situação actual, diz Nhalungo, tudo parece ser impossível.
A OTM-CS também diz não estar alheia ao processo político actual que vai culminar com as VII Eleições Gerais-Presidenciais e Legislativas- e das IV dos Membros das Assembleias Provinciais e do Governador de Província que terão lugar a 09 de Outubro próximo.
Por isso, na voz do seu representante, Damião Simango, advertiu que “apenas nos identificaremos com aqueles manifestos que, de forma clara transparente e inequívoca, defenderem a nossa causa, os nossos direitos inalienáveis, dos trabalhadores e o estatuto do movimento sindical que Moçambique”.
Falando à imprensa, minutos após a cerimónia da deposição de flores na Praça dos Heróis, o vice-ministro do Trabalho e Segurança Social, Rolinho Farnela, disse que o desafio que actualmente se impõe ao governo é ajustar a regulamentação da lei já aprovada.
Garantiu que as preocupações dos trabalhadores continuarão a ser matéria de reflexão e ajudarão o Governo a ajustar melhor as políticas laborais.
Para já, o vice-ministro diz que o desafio que se impõe ao governo é de ajustar a regulamentação da Lei de Trabalho recentemente aprovada e que inclui uma série de reformas, incluídos aspectos que se referem ao trabalho doméstico.
O dia 1º de Maio foi instituído em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos da América, cujo objectivo era a reivindicação com vista a melhoria das condições de trabalho, fundamentalmente a relacionada com a jornada de trabalho que, na altura, chegava até 17 horas.
(AIM)
Sc/sg