Maputo, 03 Nov (AIM) – O Conselho Islâmico de Moçambique (CISLAMO) manifestou sábado (02), em Maputo, a sua disponibilidade para mediar negociações entre o governo e os insurgentes que, desde Outubro de 2017, cometem atrocidades na província de Cabo Delgado na região norte.
Estimativas do governo indicam que os ataques terroristas já fizeram mais de quatro mil mortos e forçaram mais de um milhão de pessoas a procurar refúgio em locais mais seguros. Também resultaram na destruição de infra-estruturas públicas e privadas.
“Desde que se conheça os rostos dos terroristas que actuam em Cabo Delgado, o Conselho Islâmico de Moçambique está disposto a mediar”, disse o porta-voz da Conferência Internacional da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), Mussa Suefe, no término do evento que, durante dois dias, que decorreu sob o lema “Islão: Religião de Paz, Modernização e Desenvolvimento”.
“Nós não conhecemos o rosto dos terroristas, mas podemos mediar e trazer as pessoas a um diálogo, para garantir uma paz efectiva “referiu.
“Estamos a incentivar e a reforçar para manter a paz no mundo, assim como no nosso país, porque a nossa religião islâmica é de paz”, explicou Suefe.
Frisou que tudo está a ser feito para que o muçulmano de Moçambique aja de forma moderada pelo facto de este ser uma religião de paz.
Recentemente, o Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou que começa a haver um consenso de que parte dos terroristas que operam em apoios provém do Estado Islâmico.
“Continuamos a dizer que estamos perante um combate contra o terrorismo que em Moçambique procura esconder a sua cara real e não deixa claras as suas intenções”, disse Nyusi, para explicar a dificuldade do governo de estabelecer um diálogo com os terroristas no sentido de restaurar a paz definitiva e acabar com o sofrimento dos residentes de Cabo Delgado.
Convidado a comentar sobre as manifestações convocadas por Venâncio Mondlane, candidato presidencial do partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Suefe apelou aos participantes nas marchas para evitarem actos de vandalismo e violência.
Vale lembrar que as marchas já provocaram mais de uma dezena de mortos e feridos, a maioria dos quais durante os confrontos com a Polícia da República de Moçambique.
“Manifestar de forma pacífica nós estamos a favor. Manifestar, reivindicar ou protestar o seu direito é normal. Esta deve ser de forma regrada para que as nossas Forças de Defesa e Segurança tenham o controlo, para evitar o que aconteceu recentemente “, disse.
Ressalvou que não é correcto fazer distúrbios. Aliás, disse Suefe não há nenhuma religião que defende práticas violentas.
Sobre a vestimenta muçulmana nas escolas, a fonte disse que a maioria dos casos já está resolvido.
Refira-se que, num passado recente, registaram-se alguns incidentes com alunas muçulmanas que eram impedidas de entrar na sala de aulas com o lenço (burka).
Segundo Suefe este assunto já foi ultrapassado. “O nosso governo tem desempenhado um bom papel para que essa mulher tenha liberdade de circular como ela quer, como por exemplo cobrir com o seu lenço nas escolas”.
A Conferência terminou com uma Declaração de Maputo para a criação de um bloco Islâmico dos Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) que possa agir e colaborar de forma unida na preservação da paz.
O objectivo do bloco não é perseguir terroristas, mas sim a busca de uma convivência saudável e defesa da paz no seio dos países membros.
(AIM )
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