Maputo, 23 Fev (AIM) – A Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) e a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) defendem uma informação mais consistente sobre a situação na província de Cabo Delgado, face ao recrudescimento dos ataques terroristas e deslocação de milhares de famílias no norte do país.
A preocupação foi expressa hoje (23) em Maputo, durante um workshop sobre fortalecimento de capacidades dos magistrados para o acesso a justiça dos defensores dos direitos humanos.
Face a escassez de informação fiável, o presidente da CNDH, Abachir Massacar, anunciou que uma equipe da instituição que dirige deverá deslocar-se brevemente a Cabo Delgado para se informar melhor sobre real situação de segurança que se vive naquela província.
Explicou que a decisão deve-se ao recrudescimento dos ataques e a deslocação de milhares de famílias no norte do país.
Aliás, acrescenta a fonte, muita informação sobre os ataques terroristas vem da imprensa internacional e não dos órgãos de informação do solo pátrio.
“Nas últimas semanas a situação de terrorismo piorou, a Comissão como qualquer outra instituição, neste caso que defende os direitos humanos, está preocupada com a situação, estamos a ouvir de longe, infelizmente ainda não estamos presentes a nível local”, disse.
Segundo Massacar, a CNDH está a fazer um esforço para estar presente em Cabo Delgado, um desafio colocado recentemente pelo Chefe de Estado, Filipe Nyusi, aquando da tomada de posse do Presidente da CNDH.
“Dependendo da situação que vai-se encontrar no terreno, pode-se aferir em função daqueles que estão no terreno, havendo alguma condição de segurança para ir nos próprios locais onde houve ataques, também iremos lá chegar, caso contrário iremos aferir através daqueles que estão no terreno, mas o importante é que estejamos lá no terreno “.
O Bastonário da OAM, Carlos Martins, também entende que o governo deveria partilhar o que está a acontecer em Cabo Delgado, à semelhança do que acontecia no período da pandemia da Covid-19.
“Nós compreendemos que a questão de terrorismo é complexa e exige um estudo para compreender as causas. Aqui, o nosso maior desafio tem haver com o direito a informação”, disse.
“O governo devia passar a informação de forma sistemática”, à semelhança do que acontecia durante a pandemia da Covid-19.
Por seu turno, o Presidente da Rede Moçambicana de Defesa dos Direitos Humanos, Adriano Nuvunga, diz haver necessidade de melhorar às condições do exército moçambicano pelo facto do país ter a disposição jovens patriotas motivados para proteger a sua pátria mas que carecem de equipamento e condições adequadas.
Desde Outubro de 2017 que Cabo Delgado é alvo de ataques terroristas que já fizeram mais de quatro mil mortos. Os ataques são acompanhados de atrocidades contra civis indefesos e inocentes, que já levaram mais de um milhão de pessoas a procurar zonas mais seguras, desencadeando uma crise humanitária.
(AIM)
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