Lisboa, 06 Nov (AIM)-Em várias capitais europeias, as reacções políticas à vitória de Donald Trump, anunciada esta quarta-feira, são das mais diversificadas.
Em Lisboa, por exemplo, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, felicitou Trump e pede afirmação da relação transatlântica.
Marcelo Rebelo de Sousa desejou felicidades ao presidente eleito Donald Trump, “na afirmação da relação transatlântica, da Democracia e dos Direitos Humanos, construção da Paz e do Progresso sustentáveis”.
Numa nota publicada no site da Presidência, o chefe de Estado recordou “que Portugal foi o primeiro país neutral a reconhecer a independência dos EUA, a importância da Comunidade Portuguesa neste país, bem como a colaboração durante o seu primeiro mandato, nomeadamente a reunião na Casa Branca em 2018 e durante a pandemia” Covid-19.
Para o futuro, Marcelo Rebelo de Sousa pede o reforço da cooperação com os Estados Unidos, e não um recuo. Afirma que o povo americano foi soberano e que agora o que interessa é o futuro e o trabalho conjunto, esquivando-se a responder directamente aos jornalistas, que o confrontavam com declarações na véspera de que a vitória de Trump não seria tão favorável à Europa.
“O povo americano é soberano, escolheu quem deveria escolher, no sentido de que era a sua decisão e só a sua decisão. Agora é trabalhar em conjunto, Portugal e Estados Unidos da América, e Europa e Estados Unidos da América, para retirarmos os máximos benefícios para as pessoas”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.
Questionado se tenciona regressar a Washington, onde foi recebido por Donald Trump no seu anterior mandato, em Junho de 2018, o Presidente da República admitiu essa possibilidade, mas salientou que “depende muito agora do que vier a acontecer no futuro, em termos da disponibilidade de uma parte e de outra”.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o encontro que tiveram na Casa Branca em 2018 “foi um ponto importante” que permitiu desbloquear “três questões sensíveis” — a relevância dos Açores (Região Autónoma), o fornecimento do gás líquido americano a Portugal e a contribuição financeira portuguesa para a NATO — e é benéfico haver “um relacionamento mais intenso entre chefes de Estado”.
A contagem de votos nos Estados Unidos ficou oficialmente terminada a meio da manhã desta quarta-feira (no horário moçambicano).
Por seu turno, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, deu os parabéns a Donald Trump pelo resultado nas eleições norte-americanas e disse estar empenhado em trabalhar numa “colaboração estreita” a nível bilateral, multilateral e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Luís Montenegro endereçou a mensagem através da rede social X (antigo Twitter), em publicações em português e inglês.
“Parabéns, Presidente Donald Trump. Estou empenhado em trabalharmos em colaboração estreita, no espírito da longa e sólida relação entre Portugal e os Estados Unidos, a nível bilateral, da NATO e multilateral.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, também endereçou mensagem a Trump, dizendo que Portugal respeita a vontade do povo americano e considerou que a escolha de Donald Trump para a Casa Branca em nada alterará a relação institucional entre os dois países.
Rangel defende que haverá um novo ciclo multilateral. Refere que a questão migratória, que Trump abordou (na campanha eleitoral), é uma questão que também atravessa a União Europeia.
Fala de uma parceria multissecular que será mantida, sublinhando que não havia nenhuma preferência e que a vontade do povo norte-americano é soberana.
Ucrânia e vitória de Trump
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, felicitou Donald Trump pela “impressionante vitória eleitoral” e diz-se com “esperança” na procura pela paz.
Durante a campanha eleitoral para as presidenciais norte-americanas, Trump prometeu acabar com a guerra na Ucrânia.
“Lembro-me do nosso grande encontro (…) em Setembro, quando discutimos em detalhe a parceria estratégica Ucrânia-EUA, o Plano de Vitória e formas de pôr fim à agressão russa contra a Ucrânia”, diz Zelensky, na rede social X.
Zelensky sublinha que aprecia “o compromisso do presidente Trump com a abordagem de ‘paz pela força’”, uma vez que esse é “exactamente o princípio que pode praticamente aproximar a paz justa na Ucrânia”.
“Estamos ansiosos por uma era de Estados Unidos da América forte sob a liderança decisiva do presidente Trump. Contamos com o forte apoio bipartidário contínuo para a Ucrânia nos Estados Unidos. Estamos interessados em desenvolver uma cooperação política e económica mutuamente benéfica que beneficiará ambas as nossas nações”, lê-se na publicação.
“Estou ansioso para felicitar pessoalmente o presidente Trump e discutir formas de fortalecer a parceria estratégica da Ucrânia com os Estados Unidos”, vinca o presidente ucraniano.
O que diz Primeiro-ministro húngaro
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Órban, foi um dos primeiros a reagir. “A caminho de uma vitória maravilhosa”, escreveu Órban numa publicação no Facebook, quando ainda se contabilizavam os votos.
Mais tarde, quando a eleição de Trump estava praticamente assegurada, o primeiro-ministro húngaro voltou a mencionar as eleições norte-americanas, afirmando que este “é o maior regresso da história política dos EUA”.
“Parabéns ao presidente Trump pela sua enorme vitória. Uma vitória muito necessária para o mundo”, disse Órban numa mensagem publicada na rede social X.
Por seu turno, o presidente Emmanuel Macron, da França, deu os parabéns a Donald Trump e disse estar pronto para trabalhar com o republicano.
“Estamos prontos para trabalhar juntos, como fizemos nos últimos quatro anos. Com as suas convicções e com as minhas. Com respeito e ambição. Por mais paz e prosperidade”, escreveu Macron no X.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também felicitou Trump pela sua “vitória histórica”. “Estou ansioso para trabalhar consigo nos próximos anos. Como aliados mais próximos, estamos ombro a ombro na defesa dos nossos valores compartilhados de liberdade, democracia e empreendedorismo”, escreveu Starmer no X.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também saudou Trump, salientando que a “Itália e os EUA são nações “irmãs”, ligadas por uma aliança inabalável, valores comuns e uma amizade histórica”.
“É um laço estratégico, que tenho certeza de que agora fortaleceremos ainda mais”, vincou Meloni, numa mensagem partilhada no X.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, também felicitou Trump na rede social X. “A Alemanha e os EUA têm trabalhado juntos com sucesso por um longo período de tempo para promover a prosperidade e a liberdade em ambos os lados do Atlântico. Continuaremos a fazê-lo para o benefício dos nossos cidadãos”, escreveu.
É de referir que nas vésperas das eleições norte-americanas, as capitais europeias aguardavam o resultado da votação com esperanças e receios. A Europa defendia a vitória de Kamala Harris, candidata democrata, que defendia continuidade da política internacional de Joe Biden.
(AIM)
DM