Lisboa, 04 Nov (AIM)- Enquanto as capitais europeias aguardam o resultado das eleições nos Estados Unidos da América desta terça-feira (05) com esperanças e receios, Kamala Harris, candidata dos democratas (actualmente vice-presidente dos EUA) à Casa Branca, e Donald Trump, candidato republicano, fazem esta segunda-feira (04) um sprint final na Pensilvânia, segundo imprensa internacional (Jornais, Televisões, Rádios, entre outros meios).
Correspondentes de vários órgãos de informação falam sobre o clima na Europa, onde as sondagens mostram que muitos eleitores estão a torcer por Kamala Harris em vez de Donald Trump.
Enquanto Harris promete continuar a actual política internacional seguida por Joe Biden, incluindo o reforço no apoio financeiro e militar à Ucrânia e ao Governo extremista de Benjamin “Bibi” Netanyahu, em Israel, Trump promete acabar com as guerras (na Ucrânia) e Médio Oriente (entre Israel e Hamas, bem como entre Israel e Líbano), entre vários assuntos de actualidade.
No Médio Oriente, por exemplo, o último balanço das autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo grupo islamita Hamas, diz que 43.020 pessoas foram mortas, na sua maioria mulheres e crianças, devido à ofensiva militar de Israel no enclave palestiniano, 101.110 feridos, pelo menos 10 mil pessoas dadas como desaparecidas.
A ofensiva contra Gaza foi lançada após o ataque do Hamas ao território israelita, em 7 de Outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e em que 250 pessoas foram raptadas, segundo as autoridades israelitas.
No Líbano (guerra entre Israel e Hezbollah), os bombardeamentos israelitas causaram cerca de três mil mortes (2.980 mortes) desde o início dos ataques em 23 de Setembro deste ano (2024), segundo o Ministério da Saúde daquele país. Hezbollah ou Hezbollah é uma organização política e paramilitar fundamentalista islâmica xiita libanesa fundada nos anos 1980, durante a Guerra Civil Libanesa, por líderes religiosos alinhados ao Irã.
AS RAZÕES DOS TEMORES DA EUROPA EM CASO DE VITÓRIA DE TRUMP
Donald Trump diz que tem um truque comercial na manga que diz não ter medo de utilizar se for reeleito: aplicar uma tarifa universal de até 20 por cento sobre todos os produtos importados do estrangeiro.
A União Europeia está cada vez mais dependente do mercado de exportação norte-americano, o que a torna vulnerável em relação à política comercial do candidato republicano (Trump).
“Para além do amor e da religião, esta é a palavra mais bonita que existe: tarifa”, disse Trump num comício recente na Carolina do Norte.
Uma tarifa é um imposto cobrado sobre os produtos estrangeiros que entram num país, devendo o importador nacional pagar a factura, pelo menos no papel.
Trump também ameaçou aplicar uma taxa de 60 por cento sobre os produtos chineses e até 200 por cento sobre os automóveis produzidos no México.
O candidato republicano está a contar com este instrumento comercial para impulsionar as empresas norte-americanas, criar emprego e reduzir o défice federal através de receitas fiscais adicionais.
SONDAGENS EM ALGUMAS CAPITAIS EUROPEIAS
Uma sondagem recente realizada na Grécia revelou que 46 por cento dos cidadãos gregos acreditam que a primeira mulher vice-presidente dos EUA (Kamala Harris) será também a primeira mulher presidente, enquanto apenas 32 por cento dos cidadãos acreditam que Donald Trump regressará à Casa Branca.
Quanto aos interesses nacionais gregos, 30 por cento dos gregos acreditam que Kamala Harris está mais próxima das suas prioridades – e apenas 10 por cento acreditam que Donald Trump será melhor para o seu país.
Para a Alemanha, muito está em jogo nestas eleições. As sondagens mostram que dois terços dos alemães preferem que Harris seja a próxima presidente dos EUA, com apenas 12 por cento a preferir uma vitória de Trump.
Independentemente do resultado, é provável que os EUA olhem cada vez mais para os seus próprios problemas, o que poderá ter consequências graves para a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte)
ÚLTIMO DIA DE CAMPANHA
No último dia de campanha, esta segunda-feira, os candidatos à presidência norte-americana Kamala Harris e Donald Trump vão fazer o ‘sprint’ final na Pensilvânia, o estado que neste ciclo eleitoral é considerado mais importante dos sete decisivos.
Kamala Harris, que continua à frente nas sondagens nacionais, mas por uma margem inferior a dois pontos, termina a sua campanha de três meses com três comícios na Pensilvânia, segundo a imprensa lisboeta.
O primeiro está marcado para Allentown ao início da tarde, seguindo-se de um evento em Pittsburgh para incentivar os eleitores a irem às urnas na terça-feira, 05 de Novembro.
Pensilvânia é o estado que tem mais votos no colégio eleitoral que qualquer outro dos estados decisivos, 19, e as sondagens mostram que os dois candidatos estão virtualmente empatados. As pesquisas da Morning Consult e da Siena dão 48 por cento a cada um e a da Marist coloca Harris à frente 50 por cento-48 por cento.
A democrata termina o dia com um comício e um concerto em Filadélfia, às portas do Philadelphia Museum of Art, ainda sem confirmação de quem estará presente.
Na agenda de Donald Trump, a mensagem final antes das eleições será inicialmente passada na Carolina do Norte, em Raleigh. O candidato republicano ruma depois a Reading, Pensilvânia, e ao final da tarde estará em Pittsburgh, tal como Harris.
Mas Trump ainda passará pelo Michigan ao final da noite, com um comício marcado para as 22h30 locais em Grand Rapids (madrugada em Maputo).
Até esta segunda-feira, milhões de eleitores já enviaram os seus boletins de voto por correspondência.
ÚLTIMA SONDAGEM DO IOWA
A última sondagem do Iowa, divulgada este fim de semana, mostrava Kamala Harris ligeiramente à frente do ex-presidente Donald Trump – num estado que o republicano tinha anteriormente conquistado – em parte graças ao apoio das mulheres à vice-presidente, sublinhando o papel que o género desempenhou nestas eleições.
Esta diferença de género também se verificou noutros estados, diz Sara Sadhwani, professora assistente de política no Pomona College, citada pela CNN.
Mas, segundo a especialista, essa diferença de género divide-se em função do nível de escolaridade – o que significa que as mulheres com cursos superiores tendem a apoiar mais Harris, enquanto tanto os homens como as mulheres sem cursos superiores se inclinam para o outro lado.
E estas mulheres poderão ter uma forte influência na eleição, uma vez que tendem a ser um bloco eleitoral mais fiável, acrescenta. Embora Trump conte com o apoio de muitos homens jovens, esse grupo demográfico nem sempre é fiável – o que significa que podem não ir votar, talvez porque “nem sempre vêem o resultado de uma eleição como algo que os vai beneficiar no futuro”, disse Sadwhani a Rosemary Church.
As comunidades de imigrantes e as pessoas de cor (negros) também desempenham um papel importante, diz Sadwhani, que aponta para a Pensilvânia, onde há cerca de 100 mil eleitores indianos americanos e uma grande proporção de porto-riquenhos americanos – que poderiam ser potencialmente inclinados para Harris após a piada ofensiva contra Porto Rico feita recentemente num comício de Trump. Nesse comício, comediante norte-americano Tony Hinchcliffe descreveu Porto Rico como “uma ilha flutuante de lixo”.
“Particularmente, nas últimas semanas, Donald Trump tem-se exaltado… castigando as comunidades imigrantes e estereotipando-as, de uma forma que nem sempre agrada a muitas dessas comunidades”, disse ela.
ÁRABES-AMERICANOS ESCOLHEM DONAL TRUMP
Hamtramck, no Michigan, é a única cidade norte-americano de maioria muçulmana. Há 4 anos, o mayor Amer Ghalib apoiou os democratas, hoje a escolha é outra.
A guerra no Médio Oriente é a razão mais recente, mas não é a única. Muitos árabes-americanos sentem-se abandonados pelos democratas e mudam o voto, mesmo que a alternativa seja o candidato que lhes chamou terroristas ou afirmou que os imigrantes “envenenam o país”.
A América está cheia de contradições e esta é uma delas.
(AIM)
DM/