Maputo, 12 Nov (AIM) – O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, diz “Basta” às manifestações pós-eleitorais que se registam em algumas cidades moçambicanas, sobretudo Maputo e Matola.
Falando em conferência de imprensa havida terça-feira em Maputo, Rafael explicou que as manifestações violentas passaram a ser subversivas e com tendência clara de terrorismo urbano e que afectam o tecido económico.
“Porque há uma afronta total com aquilo que norteia a convivência social e há alteração da ordem social gravosa, penso que urge a necessidade de dizer ‘basta’ a manifestações violentas, com clara evidência de subversão e com tendência para o terrorismo urbano”, vincou Rafael.
Convocadas pelo candidato presidencial do partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Venâncio Mondlane, através da sua página de Facebook, as manifestações entraram naquilo que ele considera 4ª etapa, sendo que a 1ª fase inicia próxima quarta-feira (13).
Venâncio Mondlane alega como motivo para a convocação das manifestações uma suposta fraude que teria ocorrida nas eleições gerais de 09 Outubro último que indicam uma vitória clara da Frelimo, partido no poder em Moçambique, e seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Segundo Venâncio Mondlane, apoiado pelo PODEMOS um partido extraparlamentar, a 4ª etapa das próximas manifestações inclui o bloqueio de todas as fronteiras, portos, pontes, caminhos-de-ferro, supermercados, e grandes hotéis, bem como todos os corredores de escoamento de mercadorias e serviços.
“Eu quero ver todos os portos, fronteiras, pontes, principais estradas, caminhos-de-ferro, tudo parado. Tudo parado nos três dias, isto é, a partir da quarta-feira … Ninguém deve sair de casa. Vamos pôr tudo parado”, disse Venâncio Mondlane, durante uma transmissão live.
No entanto, Rafael adverte que as manifestações apresentam uma tendência clara de sabotar as conquistas dos moçambicanos, bem como travar a realização dos exames escolares que deverão iniciar próxima semana, de acordo com o calendário escolar do ensino primário e secundário geral.
A PRM está aberta a colaborar com os moçambicanos que tendem a travar a onda das manifestações, o que constitui observância da ordem e tranquilidade públicas em todo o território moçambicano, como forma de fortalecer a livre circulação de pessoas e bens.
Por isso, Rafael apela a todos os cidadãos para, em conjunto, trabalharem na busca de soluções para garantir a ordem, segurança e tranquilidade públicas.
O comandante-geral compara as marchas dos manifestantes na quinta-feira (07) aos terroristas que perpetram incursões armadas em alguns distritos da província nortenha de Cabo Delgado.
Vale lembrar que, nas eleições presidenciais, Venâncio teve como adversários Daniel Chapo, suportado pela Frelimo, partido no poder, Ossufo Momade, da Renamo, o maior partido da oposição, e Lutero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Dos resultados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições confirmou a vitória expressiva de Chapo, como o mais votado, com 4.912.772 votos, correspondentes a 70,67 por cento.
O segundo lugar é ocupado por Venâncio Mondlane, com 1.412.517 votos, correspondentes a 20,32 por cento.
Na terceira posição está o líder da Renamo, com universo de 413.591 votos, equivalentes a 5,81 por cento.
Na quarta e última posição aparece Simango, depois de conquistar 223.066 votos, correspondentes a 3,2 por cento.
As eleições presidenciais coincidiram com as VII legislativas e IV para as assembleias provinciais e de governador de província, cujos resultados finais ainda não foram divulgados pelo Conselho Constitucional, o último órgão soberano que dirime matérias jurídico-constitucionais e de contencioso eleitoral.
(AIM)
AC /sg