
Pacientes a espera de cuidados médicos no Hospital Central de Maputo (HCM). Foto de Santos Vilanculos
Maputo, 19 Dez (AIM) – A PLASOC-M, uma plataforma da sociedade civil e direitos humanos, propõe a elaboração e adopção de estratégias para mitigar o impacto e severidade das manifestações, que se registam nos últimos dois meses em Moçambique.
As medidas deverão ser aplicadas nos vários sectores de provisão e acesso aos serviços de saúde no país, incluindo um diálogo franco e construtivo, crucial para a solução da crise pós-eleitoral.
As propostas foram apresentadas em conferência de imprensa esta quinta-feira (19), em Maputo, pela Presidente do Conselho de Direcção da PLASOC-M, Gilda Jossias, para a apresentação do posicionamento das Organizações da Sociedade Civil sobre o impacto das manifestações no sector da saúde.
“É expectativa da sociedade civil que o MISAU adopte medidas para assegurar a provisão de serviços de saúde, particularmente aos pacientes com doenças crónicas. Estas medidas irão, seguramente, minimizar a ausência de uma estratégia que priorize a dispensa de medicamentos e flexibilize as consultas para pacientes com cancro e insuficiência renal grave”, disse.
Para o efeito, a PLASOC-M propõe algumas soluções, priorizando um diálogo franco e construtivo, bem como a continuidade da provisão de serviços de saúde básicos e humanizados.
A sociedade civil considera que a aposta no diálogo pelas partes em conflito vai assegurar a provisão de serviços de saúde, com prioridade para pacientes com doenças crónicas e que dependem de medicamentos e cuidados, “isto contribuirá para a retenção dos pacientes no tratamento”.
Referiu que urge uma aposta na abordagem multissectorial, onde os diferentes intervenientes investem num diálogo positivo, evitando excesso de uso da força policial e criando corredores específicos para a passagem segura de ambulâncias, profissionais de saúde, utentes e viaturas em situação de emergência hospitalar”.
A proposta surge em resposta ao clamor dos profissionais de saúde pela melhoria das condições de trabalho e salários dignos, bem como a criação de meios alternativos que ajudem a providenciar medicamentos aos utentes em momentos de crise, manifestações, desastres naturais, entre outros.
“É necessário que haja melhor aproveitamento das tecnologias para manter os utentes actualizados sobre a toma de medicamentos, consultas, cuidados e, o uso dos órgãos de comunicação social com influência e abrangência local (TV, rádios comunitárias e jornais) para a disseminação de informações importantes sobre saúde”, defendeu.
Questionada sobre a existência de unidade sanitárias encerradas no âmbito das manifestações disse, sem avançar números, que “houve encerramento de algumas unidades sanitárias nas províncias de Gaza, Niassa e Nampula, tendo afectado 21.494 pacientes necessitando de atendimento médico”.
“As unidades sanitárias foram forçadas a encerrar o atendimento, por défice de pessoal médico ou por receio de vandalizações das suas infraestruturas. Ror isso, há unidades sanitárias que funcionam com uma pressão maior para atender as vítimas deste conflito pós-eleitoral”, afirmou.
Segundo Jossias, “a partilha de dados detalhados será feita após um estudo de campo exaustivo, hoje condicionado pela tensão pós-eleitoral acompanhada de manifestações violentas”.
A PLASOC-M apela ao governo a envidar esforços e criar condições necessárias para pôr fim à crise que se instalou no país e com impacto directo no sector de saúde, assumindo que a maioria da população moçambicana ainda tem como sua única referência o sector público para aceder aos serviços de saúde.
(AIM)
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