
Maputo, 29 Dez (AIM) – O governo moçambicano já criou uma comissão de inquérito para investigar a evasão de 1.534 reclusos da Cadeia Central e Cadeia de Máxima Segurança da Machava, vulgo B.O. em Maputo, ocorrida no dia 25 de Dezembro corrente.
Mais de 33 morreram durante o confronto directo com agentes do Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP). As autoridades afirmam que 2.500 reclusos cumprem penas naquele estabelecimento prisional, alguns dos quais muito perigos e terroristas.
A informação foi revelada este sábado (28) pelo vice-ministro da Justiça Assuntos Constitucionais e Religiosos, Filimão Suaze, minutos após o término de visita àquele estabelecimento daquele estabelecimento penitenciário.
Filmão Suaze, que se escusou de revelar a composição da comissão, explicou que a mesma já está a trabalhar e deverá apresentar um relatório detalhado sobre o assunto.
“Para a averiguação de todo esse cenário já foi constituída uma comissão de inquérito para perceber todo o enredo de como é que se desenrolou este processo de fuga”, disse o vice-ministro.
“Estamos preocupados com este assunto, mas a formação desta comissão de inquérito é o ponto, neste momento, mais alto para a explicação de como é que foi possível, se foi por negligência ou não de um colega nosso, alguma colaboração externa ou não”, acrescentou.
Suaze afirma que o governo não estabeleceu prazos para a conclusão do relatório. “Podemos vir a fazê-lo em função dos primeiros dados que nos forem indicados”.
O vice-ministro da Justiça destacou que a comissão também irá analisar detalhadamente o caso dos reclusos que morreram durante a operação de busca e captura, perto de 40.
Referiu que o governo está a tratar dessas acções com algum cuidado, e caso a caso, para perceber o que é que se passou. Entretanto já foram recapturados vários reclusos.
Suaze fez questão de explicar que muitos reclusos sofreram ferimentos e viriam perder a vida mais tarde.
“Alguns não resistiram e perderam a vida, pelo que é uma matéria que nós gostaríamos de tratá-la com algum cuidado, para não lançar mais poeira do que já se fala aí”, disse.
Desmentiu a existência de uma acção predestinada para a eliminação de reclusos. Antes pelo contrário, disse Suaze, “até o momento 280 dos mais de 1.500 reclusos que se invadiram foram recapturados com o apoio da comunidade em vários bairros”.
Por isso, pediu as famílias para que continuem a colaborar com as autoridades para a captura dos foragidos.
“Já temos cerca de 280 recapturados, só ontem (27) foram acima de 100 e boa parte deste número tem sido graças a colaboração das famílias que os denunciam. Aliás, parte considerável das pessoas que fugiram da cadeia só o fizeram porque foram ameaçadas de morte em caso de se recusarem a seguir o grupo promotor da fuga.
Por isso, Suaze encoraja todos os reclusos evadidos para retornarem voluntariamente utilizando os canais disponíveis. Afirmou que existem casos de reclusos que contactam os seus advogados para regressarem voluntariamente, mas receiam represálias.
Suaze tranquiliza e garante que não há motivos, e que todos os canais estão abertos.
Refira-se que a fuga de reclusos está a provocar pânico na cidade e província de Maputo, que levou os residentes de vários bairros criar grupos de vigilância informais.
Notícias postas a circular nas redes sociais alegam a existência de homens-catana, que assassinam pessoas e que seriam parte dos reclusos que se evadiram na semana passada.
Entretanto, a polícia, que ainda está a tentar localizar os fugitivos, nega a existência de “homens-catana”.
(AIM)
sg