Maputo, 31 Dez (AIM) – O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, apela aos cidadãos nacionais a prestarem maior atenção aos actuais acontecimentos adversos, no país, e a não se deixar levar por agendas políticas estranhas aos objectivos de desenvolvimento do país.
Num breve contacto mantido hoje (31) com jornalistas, na estação ferroviária de Maputo, sul do país, Nyusi disse que os moçambicanos devem transportar o sentido de pertença da pátria e estarem cada vez mais unidos para travar as agendas alheias à prosperidade.
O Chefe de Estado assim se pronunciou durante o balanço da visita de trabalho que efectuou, ainda hoje, nas estações ferroviárias de Tenga e Ressano Garcia, ambas no distrito de Moamba, e na estação ferroviária de Maputo.
“O nosso país é precisado por muitos. Então, sobretudo vocês jovens, não podem ficar distraídos. Estamos a fazer o jogo de estafeta para vos entregar o país. Nesse jogo vocês devem correr. Se eu corri e cheguei um pouco antes, ou a mediana, então vocês devem correr mais para recuperar aquilo que eu não consegui fazer”, afirmou Nyusi.
De acordo com Nyusi, isso não é feito, apenas, pelas lideranças governamentais e políticas, “mas sim por nós todos”.
Assegurou que a união e a pertença da pátria são elementos fundamentais para que não haja desvio dos principais objectivos dos moçambicanos e do país.
“Mais união, mais coesão, mas, sobretudo, sentido da pertença da pátria, porque esta pátria é nossa. Vamos todos estar coesos, e isso não depende de mim. Se eu não sirvo, há quem possa servir”, disse Nyusi.
Declarou que “mas isso não deve ser motivo para destruir aquilo que é de todos”.
Convocadas por Venâncio Mondlane, antigo candidato presidencial, apoiado pelo partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), derrotado nas VII eleições gerais de 09 de Outubro último, as manifestações, que se arrastam há cerca de três meses, tendem a destruir o tecido económico e social do país.
Venâncio Mondlane, que se encontra em parte incerta, reclama vitória nas últimas eleições gerais.
Semana finda, centenas de manifestantes saquearam diversos produtos alimentares, particularmente o arroz, nos enormes armazéns localizados no parque industrial da Matola, bem como nas lojas e supermercados das cidades da Matola e Maputo. Grande parte das respectivas infraestruturas foram destruídas.
Dados ainda não oficiais apontam que mais de 40 armazéns foram pilhados por populares.
Dada a situação de insegurança criada no Corredor Logístico de Maputo, devido ao saque nas viaturas, o governo assegura uma escolta militar que está a exercer a sua devida função, sobretudo na região próxima à Ressano Garcia na fronteira com a Africa do Sul.
Desde o início das manifestações violentas pós-eleições, o corredor tem sido alvo de actos de sabotagem na fronteira de Ressano Garcia.
O vandalismo inclui destruição de empreendimentos, escritórios, bem como queima de camiões e encerramento de portagens e postos transfronteiriços do país.
No entanto, Nyusi disse que no próximo ano, que inicia quarta-feira (01), os moçambicanos devem recomeçar com maior sensibilidade, responsabilidade e “que não seja um ano para atribuir culpas um ao outro”.
“Se tudo falha, falhou Moçambique, falhou o moçambicano”, destacou.
Venâncio Mondlane já declarou que na próxima sexta-feira (03) as manifestações vão entrar na fase que denominou de “Ponta de Lança”.
No entanto, Mondlane deverá explicar, na quinta-feira (02), os contornos desta fase de manifestações.
(AIM)
Ac/mz