Maputo, 8 Jan (AIM)- A multinacional francesa, TotalEnergies, está a discutir como poderá financiar a transição energética da Índia através de investimentos substanciais em infra-estrutura de gás natural e projectos de energia renovável.
O facto surge numa altura em que o arranque de um dos maiores projectos de gás natural, liderados pela multinacional em África, (Mozambique LNG), na bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, continua mergulhado numa incerteza.
Ou seja, a retoma do projecto continua dependente das condições de segurança depois da cláusula força-maior que levou a suspensão temporária das actividades na base logística de Afungi, no distrito de Palma, em Moçambique, após um ataque terrorista ocorrido em Março de 2021.
Para o presidente e CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, face a dimensão e potencial do mercado, a Índia é o local certo para implementar a estratégia de transição energética da empresa, baseada em dois pilares, designadamente, energias renováveis e gás natural.
Curiosamente, ambos pilares constituem a componente central da matriz energética moçambicana que necessita de investimentos avultados para financiar a transição, com a implementação de tecnologias avançadas rumo a redução de emissões que o país almeja.
O CEO da TotalEnergies fez o anúncio dos investimentos na Índia, esta semana em uma entrevista exclusiva a Energy Connects, antes da India Energy Week 2025, evento que vai juntar actores chaves no sector de energia a nível global.
“Neste momento estamos empenhados em apoiar a mudança da Índia, investindo em infra-estruturas de gás natural e em projectos de energias renováveis, garantindo um fornecimento de energia fiável e sustentável para o futuro. Os objectivos da Índia de atingir 500 GW de capacidade de energia renovável até 2030 e aumentar a quota de gás no cabaz energético de 6% para 15% estão alinhados com os objectivos da empresa”, disse o CEO da TotalEnergies.
De acordo com a fonte, os investimentos na India, colocam a empresa bem posicionada para capturar o crescimento no mercado daquele país asiatico de GNL através da participação na infra-estrutura de importação de GNL e no desenvolvimento de toda cadeia de valor do gás natural.
“As nossas iniciativas incluem a expansão de projectos de energia solar e eólica, o aumento da eficiência energética e o fornecimento de apoio técnico e financeiro para garantir uma economia justa e equitativa. Ao concentrarmo-nos nestas áreas, pretendemos melhorar o acesso à energia, contribuir para o crescimento económico e promover a sustentabilidade ambiental. Além disso, estamos a trabalhar para fornecer acesso ao GPL para cozinhar de forma limpa a 100 milhões de pessoas em África e na Índia até 2030”, frisou.
Tal como em África, e Moçambique em particular, a TotalEnergies compreende a necessidade crítica de os países fazerem a transição do carvão para fontes de energia mais limpas para cumprir os seus objectivos climáticos. “Embora o carvão tenha sido uma fonte de energia dominante, as suas elevadas emissões de carbono colocam desafios ambientais significativos. A petroquímica, reitera que, o gás natural, oferece uma alternativa mais limpa com menores emissões de CO2 e pode servir como combustível-ponte na transição para as energias renováveis.
Refira-se que, o atraso do regresso da TotalEnergies está a retardar em cadeia outros projectos de gás na bacia do Rovuma, como é o caso do acordo final de investimento da ExxonMobil para a Área 4, que depende do regresso da TotalEnergies.
Trata-se de dois projectos distintos, em termos de dimensão e orçamento, mas com uma ligação indirecta, uma vez que ambos irão explorar gás natural onshore na mesma área, daí que o regresso do primeiro é crucial para o avanço do outro.
Segundo explicou o antigo embaixador italiano acreditado em Mocambique, Gianni Bardini, trata-se de projectos diferentes, mas que, para ExxonMobil seria difícil começar o projecto onshore sem que o outro parceiro que chegou antes, a TotalEnergies, declare que as questões de segurança estão resolvidas.
“Seria difícil para uma empresa internacional realizar grandes investimentos, enquanto a outra empresa importante achar que as condições de segurança ainda não estão criadas”, disse Bardini, durante uma entrevista concedida a AIM em Agosto do ano passado.
O diplomata italiano, disse na altura, que o levantamento da força-major, instrumento jurídico invocado para interromper sem somar custos, as operações do projecto Mozambique LNG, devida deterioração das condições de segurança em Cabo Delgado, é condição fundamental para a ExxonMobil assinar a carta de compromisso.
(AIM)
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