
Fauna bravia, elefante africano. Foto de Ferhat Momade
Maputo, 04 Fev (AIM) – O número de conflitos homem-fauna bravia tende a aumentar em Moçambique.
Em 2024 foram reportados 1.498 casos, um aumento de 700 casos em relação ao ano de 2023.
Segundo a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), as províncias de Gaza (sul), Tete e Manica (centro do país), são as que registam maior incidência e preocupação no contexto do conflito homem-fauna bravia.
“Infelizmente há números que estão cada vez a aumentar. Temos estado, também, a verificar o crescimento de algumas espécies emblemáticas, como o leão. No ano passado tivemos cerca de 1.498 casos de conflito homem-fauna bravia”.
“Se compararmos com o ano anterior, 2023, registamos um aumento de mais de 700 casos de conflito”, disse o director-geral da ANAC, Pejul Calenga, a Rádio Moçambique, no âmbito do Dia Mundial da Vida Selvagem que se assinalou esta segunda-feira (03) sob o lema “Financiamento da Conservação da Vida Selvagem, Investir nas Pessoas e no Planeta”.
Segundo Calenga, “não só há aumento em termos de incidências, mas também no número de vítimas mortais causadas por animais bravios em diversas ocasiões. Em algum momento na tentativa de afugentamento sem as devidas técnicas”.
A fonte disse terem enfrentado vários desafios para a preservação da natureza pois há 10, 15 anos, o maior desafio das áreas de conservação era fiscalização para assegurar um combate cerado a toda a actividade relacionada com a exploração ilegal dos recursos da vida selvagem.
Destacou a necessidade de se alcançar a alocação dos benefícios da preservação nas comunidades.
“O maior desafio, agora, é assegurar que todo o capital ou património natural consiga ser traduzido em riqueza principalmente para aqueles actores locais que dependem também desses recursos naturais para a sua sobrevivência”, afirmou.
De acordo com a fonte, “contamos com 29 por cento neste momento, mas vamos chegar até lá (30 por cento)”.
O director-geral da ANAC reconheceu a existência de algumas fragilidades na gestão das áreas de conservação.
Referiu que a gestão das áreas de conservação é efectiva, o que significa prover todas as condições básicas para que se consiga alcançar o estágio em que se tem as áreas de conservação a gerar renda suficiente para contribuir para o Produto Interno Bruto (PIB) e, também, promover o conjunto de oportunidades para o crescimento económico, primeiro a nível das comunidades e, depois, assegurar o engajamento do sector privado.
A fonte disse haver um dilema bastante grande, pois enquanto procura-se ver o sucesso da conservação da biodiversidade, que pode ser traduzido em crescimento de determinada espécie, ocorrem acções de reabilitar os ecossistemas.
“Conseguimos, inclusive, repor uma das espécies que já tinha sido dada como extinta em Moçambique, que é a população de rinocerontes. Agora já temos os ”Big Five”, os cinco maiores animais emblemáticos de África, no Parque do Zinave (província de Inhambane, sul do país) ”, afirmou.
Segundo a fonte, “conseguimos o crescimento da população de animais, de tal forma que já é possível translocar animais de um parque para um outro ou reserva dentro do território nacional, sem ter que importar da África do Sul”.
(AIM)
FG/mz