
Maputo, 06 Mar (AIM) – O Ministério Público (MP) adverte a todos os cidadãos para evitarem divulgar informações pessoais nas redes sociais, sempre que possível, como forma de evitar cair nas malhas do tráfico de órgãos humanos no território moçambicano.
A advertência foi proferida hoje, em Maputo, pela magistrada do Ministério Público, Ângela Massango no programa radiofónico “Café da Manhã” da Rádio Moçambique, emissora nacional.
“Muitos dos casos de tráfico de pessoas iniciam exactamente nas redes sociais, porque quando nós vamo-nos cadastrar numa rede social, muitas vezes no nosso perfil colocamos aquilo que nós somos e muitas vezes o tráfico inicia com alguma vulnerabilidade e sem perceber quando nós vamos descrever o nosso perfil numa rede social, de alguma forma estamos a deixar uma brecha para que o traficante consiga entender qual é a nossa fragilidade”, explicou Massango.
A fonte aponta a pobreza, o baixo nível de escolaridade, o desemprego, as mudanças climáticas, as guerras, entre outros como sendo os principais factores que concorrem para o tráfico de pessoas.
A magistrada explica ainda que o tráfico de órgãos humanos está muitas vezes associado às redes de crime organizado e transnacional, bem como a práticas supersticiosas.
“Existem muitas situações em que o tráfico acontece de uma região para outra, por exemplo da zona norte para a zona sul e temos registado várias situações de tráfico interno. Não posso agora precisar para que região do mundo, é que existe maior índice de tráfico, mas dizer que Portugal, África do Sul ou alguns países da Ásia são os destinos das vítimas”, disse.
“O que nós temos reparado é que a extracção de órgãos que nós temos registado é mais para fins de superstição. Existe a crença de que algumas práticas que, ao realizadas com parte de órgãos humanos, podem trazer prosperidade, podem trazer riquezas e grande parte dos casos que nós registamos o fim era este”, vincou.
Estáticas do sector da justiça indicam que nos últimos anos o país tem registado diversos casos de tráfico de órgãos humanos, sobretudo de mulheres e crianças.
Para reverter o cenário, a magistrada refere que o Ministério Público e parceiros têm realizado diversas actividades.
“Temos estado a envidar esforços para estancar, combater este fenómeno, para além da nossa vertente repressiva, nós temos a vertente preventiva”, referiu.
Explicou que um dos elementos objectivos deste crime de tráfico de pessoas é o transporte. “Por isso, entendemos que é preciso que os transportadores também tenham conhecimento básico sobre esta matéria para que possam identificar sinais, potenciais vítimas de tráfico de pessoas e este trabalho tem sido realizado”, acrescentou.
(AIM)
Fernanda da Gama (FG)/sg