
Centro de tratamento de Colera
Nampula (Moçambique), 23 Mar (AIM) – O surto de cólera que está activa na província de Nampula, norte de Moçambique, desde Outubro de 2024, alastrou-se também ao distrito costeiro de Larde.
Assim, este distrito juntou-se aos de Mogovolas e Murrupula, e a cidade capital, Nampula.
Dados disponibilizados à AIM pelo sector da Saúde, referem que o surto de cólera já provocou 30 óbitos, sendo 29 no distrito de Mogovolas e um no de Larde, num cumulativo de 1.143 casos com 1.084 altas.
A mesma informação dá conta que até a última sexta-feira, o distrito de Mogovolas contabilizava 322 casos, Nampula 467, Murrupula 240, e Larde 114.
Actualmente, estão internados 29 doentes, sendo 16 no distrito de Nampula, oito em Larde e cinco em Murrupula.
Com o alastramento de casos de cólera ao distrito de Larde gerou-se uma onda de desinformação, sobre a origem da doença, que culminou com actos de vandalismo, destruição de bens e perseguição aos líderes comunitários e autoridades, actos ocorridos na quinta e sexta-feira da semana finda, o que inclusive motivou a intervenção policial.
Relatos dão conta que na última quinta-feira um grupo de indivíduos vandalizou uma escola primária num bairro da localidade de Topuito, onde queimou livros da caixa de distribuição gratuita da caixa escolar, sob alegação de que o respectivo director pedagógico, através deles estava a propagar a doença.
Consecutivamente, na sexta-feira, desconhecidos dirigiram-se a uma escola primária, em Pilivili, distrito de Moma, onde, igualmente, vandalizaram uma escola e perturbaram a circulação de pessoas e bens.
A AIM ouviu alguns residentes de Topuito que lamentaram a situação e atribuíram esses actos a malfeitores vindos de outras paragens programados para provocar distúrbios.
“Essa escola é onde estudam as nossas crianças, vandalizaram, queimaram os livros e atacaram a casa do director pedagógico, porque dizem que ele é quem trouxe a cólera. Para nós é estranho, além de nem conhecemos as pessoas que fizeram isso. Não percebemos o que a cólera tem a ver com a escola ”, afirmou um pai de dois menores que frequentam a referida escola.
As autoridades locais da Educação declinaram prestar qualquer informação sobre o ocorrido, remetendo todas as explicações ao porta-voz da direcção provincial.
Ainda estão frescos os eventos dramáticos ocorridos no distrito de Mogovolas, cujo hospital foi vandalizado entre Dezembro e Fevereiro últimos, por três vezes, incluindo o centro de tratamento de cólera, farmácia e bloco operatório.
O sector da Saúde tem multiplicado os apelos para o fim destes actos que colocam em perigo os seus profissionais que se vêem impedidos de prestar assistência a quem dela precisa naquele ponto da província de Nampula.
As autoridades sanitárias referem que constituem factores de risco a fraca cobertura de abastecimento de água, deficiente saneamento do meio, incumprimento de medidas básicas de higiene individual e colectiva e desinformação sobre a origem da doença.
Neste momento, na província de Nampula, o governo adianta que juntamente com seus parceiros está empenhado em desenvolver acções para conter a propagação do surto.
São exemplo disso a monitoria diária e semanal dos casos de diarreia; testagem de pacientes suspeitos; colheita de amostras de água e respectiva análise e comunicação de risco e engajamento comunitário para a prevenção da cólera.
(AIM)
Rosa Inguane (RI)/mz