
Presidente da República, Daniel Chapo, dirige comício em Lichinga, província do Niassa
Nampula (Moçambique), 27 Mar (AIM) – O Presidente da República, Daniel Chapo, alertou hoje (27), em Nampula, norte de Moçambique, para que as populações não se deixem enganar por aqueles que propalam que há pessoas que distribuem a cólera.
“Há centros de saúde que estão a ser destruídos aqui na nossa província, porque alguém inventa que há quem trouxe cólera que é chamada de doença das mãos sujas. Não podemos ser enganados por pessoas que falam que há outras que espalham cólera. Esta é uma doença como qualquer outra, a diferença é que se transmite muito rapidamente, tal como foi com a Covid”, explicou.
Chapo falava num comício de cerca de uma hora e meia, perante milhares de pessoas que acorreram ao local para ver e ouvir o estadista moçambicano, naquela que foi a sua primeira visita oficial à capital provincial de Nampula, após a sua tomada de posse em Janeiro passado.
Retrospectivamente, Daniel Chapo esteve, semana passada, nos distritos da Ilha de Moçambique, Monapo e Nacala para inteirar-se dos estragos causados pela passagem do ciclone “Jude”, que provocou mortes, feridos, e danos avultados em infra-estruturas.
Visivelmente agastado, Chapo insurgiu-se contra os que, reiterou, mentem afirmando que há pessoas que distribuem a cólera, o que, na província de Nampula, tem levado a uma onda de destruição de infra-estruturas hospitalares e escolares, perseguição a profissionais de saúde, lideranças comunitárias e tradicionais.
Ajuntou que as comunidades devem ter boas práticas de higiene individual e colectiva, principalmente durante a época chuvosa para que as pessoas não sejam acometidas de cólera, malária e outras doenças de origem hídrica.
Na província de Nampula morreram, até domingo passado, 36 pessoas, sendo que os últimos seis óbitos, segundo confirmou a AIM a directora provincial de Saúde, Selma Xavier, ocorreram nos distritos de Larde (3) e igual número em Murrupula.
A cólera está activa em Nampula desde Outubro passado, tendo o surto eclodido no distrito de Mogovolas, espalhando-se por Murrupula, Larde, Angoche e capital provincial, Nampula, com um cumulativo de 1.772 doentes.
As autoridades sanitárias referem que constituem factores de risco a fraca cobertura de abastecimento de água, deficiente saneamento do meio, incumprimento de medidas básicas de higiene individual e colectiva e desinformação sobre a origem da doença.
Na interacção com populares, Chapo manifestou, ainda, a sua preocupação em relação a onda de vandalização ocorrida na província de Nampula em decorrência das manifestações violentas pós-eleições gerais de Outubro de 2024.
“O que aconteceu nesses dias não foi bom. Aqui em Nampula destruiu-se muita coisa que o governo já tinha construído. Durante anos reclamamos sobre a estrada Nampula-Angoche. O governo fez Nampula-Nametil e agora está a fazer Nametil-Angoche, mas existem pessoas que vão para lá ameaçar o empreiteiro, ameaçar vandalizar os camiões, e as máquinas. Isso não é bom porque a estrada é para o povo, estão a destruir um bem do povo”, referiu.
No seguimento destas constatações, Chapo lembrou que os manifestantes também destruíram centros de saúde.
“Aqui em Namicopo (bairro icónico da cidade de Nampula) tínhamos centros de saúde para atender as nossas mães, onde a mulher grávida ia fazer a sua consulta, perto de casa, onde sabíamos levar a criança doente, mas durante essas manifestações violentas, ilegais e criminosas destruíram. Hoje fica difícil ir ao centro de saúde porque já não existe”, lamentou.
Daniel Chapo trabalha na província de Nampula, a mais populosa do país com 6,7 milhões de habitantes e maior círculo eleitoral do país, até ao próximo sábado.
(AIM)
RI/mz