
Operações da Kenmare em Moma, Nampula
Nampula, (Moçambique), 30 Mar (AIM) – Moçambique sofreu profundas mudanças nos últimos 20 anos, incluindo os interesses, expectativas e visão dos cidadãos com relação a exploração dos recursos minerais, razão pela qual será necessário ter em conta as suas especificidades quando chegar a hora de renovação dos contratos dos megaprojectos.
Esta foi a resposta do Presidente da República, Daniel Chapo, quando questionado por jornalistas sobre a demora da aprovação da renovação do contrato de exploração pela empresa irlandesa Kenmare das areias pesadas que opera nos distritos costeiros de Larde Moma.
“Parece uma demora, mas não é demora como tal. Há contratos que foram assinados há 20 anos. Vou dar três exemplos; a Mozal, a Sasol, em Inhambane e Kenmare na província da Nampula. Estes contratos, passados 20 anos depois de terem sido assinados, precisamos, neste momento de fazer a renovação”,, disse Chapo, sábado em Nampula, em conferência de imprensa que marcou o fim de uma visita de trabalho de três dias àquela província do norte de Moçambique.
“Moçambique já não é o mesmo de há 20 anos. Nem somos a mesma quantidade de pessoas, nem pensamos da mesma forma, nem temos os mesmos objectivos, nem os mesmos interesses até hoje, há mudanças e também desafios. Então, em função desta mudança, em qualquer parte do mundo, incluindo o Moçambique, quando um contrato precisa de ser renovado, é preciso discutir as cláusulas da renovação. O que estamos a fazer neste momento, é discutir as cláusulas do contrato entre as partes, para que não se renove o mesmíssimo contrato”, explicou.
Referiu que no processo de negociação das cláusulas do contrato há interesses a defender de parte a parte. Naturalmente que a Kenmare vai tentar defender os seus interesses e o governo de Moçambique, por seu turno, vai defender os interesses do povo moçambicano.
“Nesta defesa vamos levando este tempo, que parece demora, mas não é. A Kenmare está a defender os seus interesses, porque é investidor e quer ter a retorno do investimento”, disse.
Segundo Chapo, entram também nesta equação temas relacionados com a responsabilidade social da Kenmare junto as comunidades onde desenvolve os seus projectos, situação que recomenda cautela.
“É do vosso conhecimento também, que a nível do distrito de Larde, temos desafios relacionados com responsabilidade social corporativa das comunidades locais, os nossos amigos da comunicação social, já estiveram lá, e ouviram as comunidades locais a reclamarem sobre o nível da responsabilidade social corporativa. Temos desafios relacionados com conteúdo local, portanto, acompanham os desafios que estão relacionados com os interesses do conteúdo local nos mega-projectos, a nível nacional”, anotou.
Segundo Chapo, também existe a necessidade de defender os interesses nacionais no local onde os projectos estão a ser desenvolvidos.
Por isso, disse Chapo, o governo está a negociar, de forma pacífica, com a Kenmare e, a qualquer altura, o contrato vai ser submetido ao Conselho de Ministros logo que as partes sentirem chegarem a um acordo.
“Certamente que o contrato vai ser renovado, mas porque não há conflito e não há nenhum problema, a Kenmare nunca parou de operar. Continua a operar porque o contrato está ser negociado de forma pacífica entre as duas partes, é uma negociação que está sendo feita de forma pacífica”, concluiu.
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A Kenmare é o maior fornecedora mundial de iluminete e a terceira de titânio importante recurso para a indústria aeronáutica e tem como principais destinos a China, Estados Unidos, Europa e Arábia Saudita.
Recentemente o director-geral da Kenmare, em Moçambique, Gareth Clifton informou que esta multinacional contribui com cinco por cento das exportações do país.
“Somos o maior fornecedor mundial de ilmenite e terceira no mundo no fornecimento de óxidos de titânio os nossos principais produtos são o ilmenite, zircão e rutilo. Estamos há 35 anos em Moçambique e há 17 a operar a mina de Moma, temos recursos suficientes para produzir por mais de 100 anos”, explicou.
Acrescentou que “as nossas comunidades hospedeiras são nossos parceiros – nosso investimento social faz parte da forma como conduzimos nosso negócio, em média 3.5 milhões de dólares”.
A Kenmare aguarda a aprovação pelo governo central da nova fase de exploração de minérios, com um investimento previsto 340 milhões de dólares norte-americanos.
(AIM)
Rosa Inguane/sg