(250509) -- MAPUTO, May 9, 2025 (Xinhua) -- A Chinese employee (R) of Wanbao rice farm talks with a local farmer in Xai-Xai City, Gaza Province, Mozambique, April 30, 2025. TO GO WITH "Feature: Chinese rice farm helps Mozambican farmers harvest better life" (Photo by Mendes Mondlane/Xinhua)
Maputo, 17 Nov (AIM) – O Fundo de Desenvolvimento China-Africa (CADFund), com um volume total de 10 mil milhões de dólares norte-americanos, lidera uma transformação estrutural em curso no continente africano e Moçambique surge entre os países onde o impacto é mais visível.
Entre os exemplos apresentados, o Wanbao Mozambique Agricultural Project, nas margens do Rio Limpopo, na província de Gaza, sul de Moçambique, é destacado como uma iniciativa transformadora no sector agrícola, salientado parceria entre técnicos chineses e agricultores locais, através da introdução de técnicas modernas de cultivo de arroz, duplicando a produtividade.
Os dados foram partilhados pela Guo Lie, representante oficial do CADFund, em entrevista recente à AIM, à margem da Conferência de Parceria Africana do Fórum dos Media e Grupos de Reflexão do Sul Global, realizada em Joanesburgo, na Africa do Sul.
“Além do aumento na produção, o projecto contribui para o reforço da segurança alimentar e da capacidade agrícola endógena, consolidando um modelo de cooperação que combina transferência tecnológica, formação e integração económica”, disse a fonte.
Criado em 2006 como o primeiro fundo de capitais exclusivamente orientado para a África, o CADFund opera hoje com um volume total de 10 mil milhões de dólares, mobilizando investimentos que já abrangem 39 países e desencadearam mais de 32 mil milhões de dólares adicionais por parte de empresas chinesas.
De acordo com a Guo Lie, a presença chinesa em Moçambique não se limita ao sector agrícola, realçando que, através da plataforma do CADFund, empresas privadas e estatais chinesas têm vindo a investir em áreas-chave que incluem infra-estruturas, agro-indústria e capacitação juvenil.
“Esses investimentos alinham-se com as prioridades nacionais de modernização e diversificação económica”, salientou.
A representante do CADFund sublinha que o desenvolvimento de Moçambique está intrinsecamente ligado ao crescimento dos países vizinhos, apresentando vários projectos regionais de referência, designadamente, na Tanzânia, projectos agrícolas e industriais, com destaque para o projecto de plantação de sisal que emprega 700 trabalhadores e cobre mais de 2600 hectares, contribuindo para a revitalização agrícola e para a criação de emprego formal em zonas rurais carenciadas.
Na África do Sul, a Indústria e energia verde, designadamente a fábrica da Hisense que produz anualmente 500 mil frigoríficos e um milhão de televisores, gerando quatro mil empregos locais e estimulando o sector industrial sul-africano e no domínio ambiental, o projecto fotovoltaico da GCL-Poly, que fornece entre 280 e 300 milhões de kWh de energia renovável ao ano, reforçando a transição energética regional.
No Gana, a fonte aponta a iniciativa Energia e Aviação, destacando a Central Termoeléctrica de 560 MW que fornece 15 por cento da energia do país, mitigando a crónica escassez energética, enquanto a companhia AWA, apoiada pelo fundo, reforça a conectividade aérea na África Ocidental com uma taxa de ocupação superior a 70 por cento.
“Estes projectos, embora fora das fronteiras moçambicanas, têm impacto directo na dinâmica económica regional, fortalecendo cadeias de valor e promovendo maior integração entre mercados”, disse.
De acordo com a fonte, a estratégia actual do CADFund vai além do investimento físico, com realce a aposta numa nova geração de projectos orientados para a inovação digital, a industrialização verde e o desenvolvimento humano.
Por exemplo, a China Telecom e a China Mobile, ambas apoiadas pelo fundo, ampliaram a cobertura de telecomunicações em toda a África e estão a instalar o primeiro sistema de cabos submarinos concebido para interligar os litorais oriental e ocidental do continente.
“Para Moçambique, país onde o acesso digital ainda enfrenta desafios substanciais, estas infra-estruturas representam oportunidades de inclusão e competitividade”, assegurou.
No sector da saúde, apontou os projectos como a fábrica farmacêutica no Mali, certificada por várias autoridades sanitárias da África Ocidental, criando condições para o abastecimento regional de medicamentos essenciais e reduzindo dependências externas.
“Embora localizada fora da África Austral, esta capacidade produtiva é vital para toda a região, especialmente após as vulnerabilidades expostas pela pandemia”, realçou.
Segundo Guo Lie, os próximos anos serão marcados pela implementação do Plano de Acção de Pequim 2025–2027 do Fórum de Cooperação China-África, com foco em modernização ecológica, capacidade produtiva, digitalização e integração económica, assumindo o compromisso do CADFund intensificar o apoio financeiro e técnico, sempre com operação orientada pelo mercado e respeito pelos princípios de investimento responsável.
Finalizou a entrevista, assegurando que, para Moçambique e seus vizinhos, o ciclo de investimento representa uma oportunidade estratégica, não apenas para financiar infra-estruturas, mas gerar competências, diversificar exportações, consolidar cadeias de valor e criar emprego qualificado, pilares essenciais para um crescimento verdadeiramente sustentável.
(AIM)
Paulino Checo (PC)/mz
