
Luís Montenegro, Presidente de Portugal. Foto Diário de Notícias
Lisboa, 05 Jun (AIM)- O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, empossou esta quinta-feira (05) o novo Executivo saído das legislativas antecipadas de 18 de Maio, sublinhando claramente que a vitória da AD coligação PSD/CDS-PP, liderada por Luís Montenegro, embora mais expressiva, não é um “cheque em branco” à sua actuação.
Com efeito, tomaram posse ao princípio da noite desta quinta-feira, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e os ministros do XXV Governo Constitucional, um elenco com poucas alterações relativamente ao anterior, que caiu quando a moção de confiança apresentada pelo Executivo foi chumbada na Assembleia da República (AR), o parlamento português.
Na ocasião, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que a Aliança Democrática (AD) não conseguiu a maioria absoluta, mas também sublinhou que nem com a Iniciativa Liberal (IL) essa maioria é possível. “Os portugueses escolheram o caminho mais seguro, menos arriscado”, acrescentou.
Um mundo que agora se faz de “forças novas ou renovadas, mais radicais”, e que vêm a “subir progressivamente”, disse Rebelo de Sousa, num recado claro para o Chega e para André Ventura, líder deste partido que ouvia atentamente a mensagem. O Chega é um partido xenófobo, racista e populista.
Tudo isto decorrente de umas eleições em que Marcelo Rebelo de Sousa parece não ter visto apenas um reforço da AD e do Governo em geral, mas um reforço concreto do primeiro-ministro. É que o Presidente da República deixou claro que foram as dúvidas em torno da Spinumviva, empresa familiar de Luís Montenegro, a atirar o País para eleições, mas também deixou a entender o voto popular que passou por cima do juízo ético para dar essa mesma vitória.
“Os resultados mostraram que o juízo colectivo reforçou a confiança política [no primeiro-ministro]”, reiterou o chefe de Estado, falando até numa campanha que falou por uma “elevada personalização”. E isto sempre em relação ao juízo político, já que o juízo jurídico ou judicial não foi chamado.
Portugueses penalizaram o centro-esquedra – Marcelo Rebelo de Sousa
Num breve discurso, o presidente da República considerou também que os portugueses “penalizaram” a força política que governou a maior parte do tempo desde 1995. Essa força política, o Partido Socialista (PS), tinha conseguido “praticamente igualar o vencedor” em 2024 depois de ter estado à frente do Governo durante vários anos.
Tal alternância constitui um fenómeno que “não é novo” na democracia portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que esse “partido pilar do centro esquerda e o seu líder haviam vencido a revolução na vertente civil”, tendo sido “os primeiros a governar em democracia constitucional”.
No entanto, seguiu-se um período em que foi maioritariamente “o partido pilar de centro-direita” (PSD) que governou Portugal entre 1979 e 1995, em alguns momentos “longamente sozinho”, referindo-se às duas maiorias absolutas de Aníbal Cavaco Silva.
Após esse ciclo de centro-direita foi a vez do centro-esquerda, referiu Marcelo. E agora há um novo ciclo e as eleições de 2024 e 2025 mostraram “um virar de página agora mais pronunciado”.
“As fórmulas, as forças políticas e as lideranças não são eternas”, sublinhou.
Segundo os resultados das legislativas de 18 de Maio, a AD (PSD/CDS-PP) venceu, sem maioria absoluta, conseguindo eleger 89 deputados do PSD e dois do CDS-PP.
O Chega é a segunda maior bancada, com 60 deputados, e o PS, atirado para a terceira posição, com 58 deputados.
(AIM)
DM