
Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa e Primeiro-ministro, Luís Montenegro, em Belém, Palácio da Residência
Lisboa, 03 Abr (AIM)- O clima político em Portugal já está a “aquecer” ainda em período de pré-campanha para as legislativas antecipadas de 18 de Maio próximo, antevendo-se uma campanha eleitoral bastante disputada, com ataques pessoais, pouco focada no país e com polémicas à mistura.
Aliás, o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, prevendo esse clima pouco digno, pediu, no dia 13 de Março, um “debate eleitoral” que seja “sereno, digno, elevado” sem “enfraquecer a democracia” e focado no país.
Esta quarta-feira, o Partido Socialista, o principal da oposição, acusou o Governo em gestão da Aliança Democrática (AD), chefiado por Luís Montenegro, de estar a “instrumentalizar o Estado” ao serviço do Partido Social-Democrata (PSD) e já apresentou uma queixa na Comissão Nacional de Eleições (CNE). Aguarda-se o pronunciamento da CNE a qualquer momento.
O PS considera inaceitável a promiscuidade entre o que é público e partidário.
PSD responde perante a acusação de promiscuidade entre o que é público e privado, o PSD responde sublinhando que é “normal e saudável” que os militantes do partido tenham estado na cidade do Porto, no Norte do país, a receber o primeiro-ministro, Luís Montenegro, num mercado palco habitual de campanhas eleitorais.
A origem do “barulho”
O Executivo de Montenegro entendeu assinalar, esta quarta-feira, o primeiro ano de Governo com um Conselho de Ministros descentralizado, no Mercado do Bolhão, no Porto, palco de campanhas eleitorais.
Aos militantes do PSD foi distribuída uma mensagem para que comparecessem no local e cumprimentassem o presidente do partido, neste caso Luís Montenegro, que é igualmente primeiro-ministro, segundo confirmou a imprensa lisboeta.
Luís Montenegro tentou contornar a polémica alegando não ter tido conhecimento do apelo, mas admitiu que possa haver trabalho político das estruturas partidárias e que este apelo é normal. “Não vim fazer campanha”, justificou.
Integrantes da Aliança Democrática (AD)
Integram a AD o PSD, CDS-PP e Partido Português Monárquico (PPM). Por divergências com o PPM, nas legislativas de 18 de Maio próximo, o PSD e o CDS-PP propõem ir a votos com a denominação “AD – Coligação PSD/CDS”, segundo o Secretário-geral social-democrata, Hugo Soares.
Numa conferência de imprensa esta quarta-feira, Soares deixou “claramente expresso que esta é uma coligação apenas entre o Partido Social-Democrata e o CDS-PP”, já sem o PPM que integrou a Aliança Democrática nas legislativas e europeias de 2024.
O que dizem últimas sondagensA sondagem do CESOP – Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e jornal “Público”, conhecida esta quarta-feira (02), revela um empate técnico entre AD e PS nas eleições legislativas de 18 de Maio, apesar de o partido de Luís Montenegro (PSD) apresentar uma ligeira vantagem. Prevê-se também que os três principais partidos (PSD, PS e Chega) tenham uma redução nos votos, enquanto a Iniciativa Liberal (IL), Bloco de Esquerda (BE) e Livre revelam um crescimento palpável.
Após apuradas as intenções de voto, “a estimativa de resultados eleitorais aponta para 29 por cento para a Aliança Democrática”, que numa sondagem do ano passado, a última realizada pelo CESOP, alcançou 33 por cento.
Também o “Partido Socialista desceu ligeiramente, obtendo um resultado de 27” por cento, menos dois pontos percentuais do que no ano passado. O mesmo acontece com o Chega, com a mais recente estimativa a apontar para 17 por cento, menos um ponto percentual do que em Outubro de 2024.
Já a “Iniciativa Liberal, apontada como quarta força política nesta estimativa, alcançou os 8 por cento (em Outubro foram 6 por cento). Para o Bloco de Esquerda prevê-se um resultado de 5 por cento (em comparação com 4 por cento na última sondagem) e para o Livre 5 por cento (antes obteve 3 por cento).
CDU – Coligação Democrática Unitária – PCP (Partido Comunista Português)-PEV (Partido Ecologista “Os Verdes”) e PAN (Pessoas-Animais e Natureza) mantiveram os mesmos resultados do inquérito de Outubro, com 3 por cento e 2 por cento, respectivamente.
A sondagem foi realizada entre os dias 17 e 26 de Março.
Outra sondagem revelada na segunda-feira (31) pela CNN Portugal, realizada pela “Pitagórica” entre 24 e 29 de Março dá vitória a AD. O estudo, dá conta do fim da situação de empate técnico que se tem verificado ao longo dos últimos meses.
A sondagem acrescenta que quase um mês depois de toda polémica com a Spinumviva (empresa familiar de Luís Montenegro) – que ainda não morreu – a coligação que suporta o Governo parece sair beneficiada depois de uma crise política que acabou na rejeição da moção de confiança apresentada pelo primeiro-ministro, provocando a queda do Executivo da AD, sem maioria absoluta. No mesmo período o PS desceu e o Chega conseguiu subir.
De acordo com o mesmo estudo, a AD obteria (se as eleições fossem no dia 31 de Março) 34,4 por cento dos votos (numa flutuação entre os 31,4 por cento e os 37,4 por cento). O partido que sustenta o Governo de Luís Montenegro volta a uma posição de subida, mesmo que não alcance os 35,6 por cento obtidos na sondagem de 23 a 27 de Fevereiro, quando ainda não tinha sido noticiada pelo semanário “Expresso” a ligação da Spinumviva à Solverde (Sociedade de Investimentos Turísticos da Costa Verde) e havia apenas conhecimento do chumbo da moção de censura do Chega. Isto num cenário com distribuição de indecisos, que nesta sondagem representaram 18 por cento dos participantes.
Uma semana depois, e ainda antes de se confirmar que uma moção de confiança rejeitada atiraria o país para novas eleições, os portugueses penalizavam o Governo, então com uma descida de 2,1 pontos percentuais, para 33,5 por cento.
Agora, e em sentido contrário, o PS é um dos partidos que desce mais – pior só o PAN -, perdendo um ponto percentual em relação à última sondagem. Isso, conjugado com a subida de 0,9 por cento da AD, resulta na primeira sondagem sem empate técnico.
Embora melhor que na semana que antecedeu a notícia da ligação entre Spinumviva e Solverde, os socialistas não conseguiram capitalizar quase um mês de crise política, descendo de 28,8 por cento para 27,8 por cento. O valor máximo de 30,6 por cento fica a 0,8 por cento do valor mínimo da AD, o que afasta o cenário de empate técnico.
(AIM)
DM