Maputo, 09 Nov (AIM) – As doenças crónicas não transmissíveis são responsáveis por 29% das mortes em Moçambique, particularmente a hipertensão arterial, diabetes, acidente vascular cerebral (AVC) e doença renal, adverte o ministro da Saúde, Ussene Isse.
O governante, que deixou a advertência na sessão de encerramento da Primeira Reunião Científica de Saúde Cardio Vascular, evento que teve lugar em Maputo, chama a atenção para uma maior intervenção e rigor científico na resposta ao crescimento destas patologias.
De acordo com o presidente da reunião, Dr. Fidélio Citefane, 33% da população moçambicana é hipertensa, sendo este o maior factor de risco para doenças cardiovasculares.
Referiu ainda que a província de Maputo, regista cerca de 300 mortes por mês relacionadas a estas patologias, associadas ao aumento do sedentarismo e ao consumo de alimentos industrializados e com excesso de sal, sobretudo entre jovens.
Para responder ao cenário, foram apresentadas duas iniciativas prioritárias. A primeira, denominada “Uma Sala de Peso, Um Estetoscópio, Um Oxímetro”, que visa reforçar o rastreio de cardiopatias infantis a partir das unidades sanitárias.
A estratégia consiste em usar a rotina de pesagem infantil como oportunidade para identificar sinais precoces, através de oxímetro e estetoscópio. O projecto será implementado inicialmente na província da Zambézia e poderá expandir-se posteriormente as outras províncias do país.
A segunda iniciativa, o “Cantinho da Hipertensão”, já em fase piloto, propõe a medição sistemática da pressão arterial a todos os utentes, independentemente do motivo de consulta. O objectivo é aumentar a detecção precoce de hipertensão, reduzir internamentos e diminuir mortes evitáveis por complicações cardiovasculares.
O Ministro destacou o reforço dos cuidados primários como essencial para a vigilância contínua da saúde cardiovascular, lembrando que 65% da população reside em zonas rurais, onde o acesso a cuidados especializados é limitado.
Enfatizou que a formação contínua de profissionais de saúde é decisiva para melhorar a prevenção, o diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares.
Durante o evento foram premiados os melhores posters e artigos científicos, reconhecendo o mérito e a inovação na investigação sobre saúde cardiovascular no país.
O ministro, comprometeu-se a apoiar a realização da próxima edição da reunião científica, indicando que o encontro contribui para fortalecer as estratégias de prevenção e melhorar a resposta do sistema de saúde às doenças cardiovasculares, que representam um dos maiores desafios da actual carga de doenças em Moçambique.
(AIM)
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