Maputo, 25 Jan (AIM) – A actriz e realizadora moçambicana, Gigliola Zacara, que recentemente lançou um documentário sobre a Violência Baseada no Género em Moçambique, condena os maus-tratos na prisão feminina de Ndlavela na cidade de Maputo, a maior parte perpetrada por agentes penitenciários.
Gigliola manifestou o seu repúdio hoje (25) em Maputo, durante o Workshop de Artes Protestos Sociais e Direitos Humanos em Moçambique.
“Eu, como realizadora e activista, dentro daquele espaço, sofri muita violência até para fazer o meu trabalho, desde entrar, a maneira como era atendida pelo guarda penitenciário”, disse.
Aliás, disse a fonte, “mesmo a forma de falar era muito violenta e parecia mais uma reclusa e não alguém que ia fazer um trabalho que vai contribuir para a melhoria da nossa sociedade”.
Disse ter sofrido assédio durante o exercício do seu trabalho naquela prisão, tendo sido expulsa, impedida de filmar entre tantos outros obstáculos.
Deplorou o facto de os guardas penitenciários ignorarem que “mais do que artista, eu era uma activista que via os direitos de outras mulheres serem violados.
Face as dificuldades, decidiu abordar a Direcção do Serviço Nacional Penitenciário onde manifestou o seu repúdio contra o tratamento pelo qual passou e, no fim, foi autorizada a voltar ao estabelecimento penitenciário e continuar a fazer o seu trabalho.
“Depois fiquei a pensar se eu sou tratada assim, imagine a pessoa que está ali dentro (reclusas) ”, sugeria em forma de reflexão.
Disse que geralmente chegava ao estabelecimento penitenciário as 07h00 da manhã, ou seja 30 min antes da hora da abertura.
“Mas, infelizmente, as mulheres com quem queria trabalhar na produção do documentário só eram dispensadas cerca depois das 10h00 e depois as 14h00 eram obrigadas a regressar”, disse.
“A liberdade de expressão e tantos outros direitos eram violadas”, realçou.
Visivelmente agastada, Gigliola diz que já se registam algumas melhorias mas, infelizmente, ainda persiste muita violência naquela prisão.
(AIM)
CC/sg