Maputo, 28 Fev (AIM) – O sector da educação, em parceria com a Agência dos Estados Unidos Para o Desenvolvimento Internacional (USAID), projecta expandir o ensino bilingue em 22 distritos de quatro províncias das regiões centro e norte de Moçambique.
“Em 2014 comecámos a expandir o acesso ao ensino bilingue. Agora, através do programa SABER estamos a trabalhar juntos para traçar estratégias de actuação, em 22 distritos, das províncias de Cabo Delgado, Niassa, Zambézia e Nampula”, anunciou a directora de Educação, Governação e Democracia da USAID em Moçambique, Sarah Crites, durante uma mesa redonda sobre o ensino Bilingue em Moçambique, que teve lugar hoje, em Maputo.
Já o Prof. Doutor Armindo Ngunga afirma que, desde a introdução do ensino bilíngue em Moçambique, “nos últimos 20 anos, regista-se uma melhoria do ambiente de aprendizagem motivado pela apropriação da escola pela comunidade”.
Explicou que o sucesso deve-se, em parte, ao reconhecimento pelas populações das línguas moçambicanas como meios de aquisição de conhecimento científico, redução de desistência escolar e melhoria da assiduidade, modernização linguística e conhecimento de áreas de convergência e de tensão entre a língua portuguesa e moçambicanas.
Como estratégia para a promoção do acesso à educação e melhoria do processo e ensino de aprendizagem bilingue, Armindo Ngunga propõe uma língua comum por forma a garantir uma melhor comunicação entre o professor e o aluno, disponibilidade de material didáctico de qualidade, revisores de material atentos, professores bem formados e comprometidos com a causa da educação, supervisores pedagógicos competentes, directores de escola engajados, sociedade comprometida, alunos motivados e salas de aula devidamente apetrechadas.
Ngunga reitera a urgência do reforço da capacidade institucional a nível central, provincial, distrital e das zonas de influência pedagógica, consolidação de estratégias de formação e capacitação de professores, formação inicial nos institutos de formação de professores, formação em exercício em modalidade à distância ou semi-presencial, repensar na estratégia de formação de formadores em articulação com as universidades.
Acrescentou que urge garantir a produção e distribuição de materiais (curricular e extracurricular), publicação de estudos sociolinguísticos ao nível nacional, diversificação de parcerias entre o Ministério que superintende a área da educação, socialização da educação bilingue, realização de um balanço dos 20 anos da implementação do projecto.
Apontou ainda a necessidade para a monitoria da implementação da Estratégia de Expansão do Ensino Bilingue.
“Conscientes de que o dia da vitória ainda está longe, vamos celebrar todos os dias, cada pequena vitória que amealhamos com a publicação de um livro em língua moçambicana; vamos celebrar quando um pai aceita que o filho que não fala Português use a sua língua materna como porta de entrada no mundo da ciência”, disse.
A celebração, acrescenta o académico, deve ser extensiva quando uma criança que não sabe português lê fluentemente na sua língua materna, quando um parceiro disponibiliza recursos no ensino bilíngue para a capacitação de professores ou para a produção de material didáctico.”
Advertiu que mesmo com tudo isso disponível, os esforços multiplicam-se por zero se a língua de ensino for completamente estranha ao aluno.
(AIM)
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