Maputo, 15 Mar (AIM) – A Associação dos Pescadores Industriais de Moçambique manifesta a sua apreensão com a mineração de areias pesadas ao longo da costa moçambicana, sobretudo em Pebane, província central de Zambézia, que considera a mais produtiva zona pesqueira do país.
A preocupação foi apresentada a ministra do Mar Águas Interiores e Pescas (MIMAIP), Lídia Cardoso, pelo representante dos Pescadores Industriais, Muzila Nhatsave, na última quinta-feira (14) em Maputo durante a abertura oficial da campanha de pesca 2024.
“É motivo da nossa apreensão o facto de ser a zona mais produtiva do pesqueiro neste momento. As más experiências dos distritos de Moma e Larde, onde após o início desta actividade a frota deixou de lá ir devido a inexistência de recursos, deve merecer a nossa reflexão”, referiu.
A Associação diz ter ficada mais preocupada depois de tomar conhecimento da exploração de areias pesadas nos distritos de Chinde, Quelimane, Inhassunge, Namacurra, Maganja da Costa e Mocubela, todos em águas rasas da província de Zambézia com recurso a dragagem, uma técnica que considera muito nociva.
“O agravante é o processamento estar a ser feito a bordo, com os resíduos a serem devolvidos ao mar após processos físicos e químicos”, disse alarmado.
Arrolou os danos causados ao ambiente, incluindo a perturbação do ambiente devido ao ruído do navio de mineração, emissão de poluentes, poluição das águas, alteração da batimetria e circulação costeira resultante da escavação.
A fonte aponta também para danos de carácter biótico.
“Esta actividade irá provocar no ambiente físico danos como a perturbação de habitats, erosão costeira, assoreamento e perturbação da fauna marinha”, acrescentou.
Considera o cenário prejudicial para o país, pois não está prevista a construção de qualquer infra-estrutura de manuseamento ou agregação de valor ao produto, devendo a produção ser baldeada para um barco mãe ancorado no alto mar através de barcaças outro perigo para a contaminação no meio aquático.
“Voltamos a alertar que não podemos perder nunca de vista que as pescas, a par com a agricultura, constituem fontes de subsistência e de renda da maioria da nossa população. É preciso ter isso em conta na tomada de decisões as consequências sociais e políticas que a falta de recursos pode trazer”, disse em tom de alerta.
(AIM)
CC/sg