
Barco de pesca no alto mar. Foto de Ferhat Momade
Maputo, 20 Dez (AIM) – As autoridades moçambicanas estão a trabalhar no sentido de aumentar a produção pesqueira no país, que está muito aquém do seu potencial.
A falta de técnicos qualificados da área, tecnologias de cultivo e de produção de rações adequadas são apontadas como sendo o principal nó de constrangimento.
A informação foi partilhada esta sexta-feira (20), em Maputo, pela ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas, Lídia Cardoso, no lançamento da Estratégia de Desenvolvimento do Instituto Oceanográfico de Moçambique (InOM).
Cardoso reconheceu que o desenvolvimento de conhecimento, através da investigação científica, é fundamental para garantir o desenvolvimento social e económico do país, não obstante o défice de quadros qualificados e de capacidade institucional para o desenvolvimento de conhecimento e tecnologias no domínio do mar e de águas interiores.
“Reconhecemos a importância dos oceanos, mares e recursos marinhos como essenciais para o desenvolvimento sustentável. Os oceanos e mares são um importante contribuinte para a erradicação da pobreza e garantir a segurança alimentar, pois elevam o bem-estar das pessoas e desempenham um papel preponderante na moderação do clima e mitigação das mudanças climáticas”, disse.
Entretanto, o desafio imposto ao InOM de aumentar a produção pesqueira no país, impõe novos desafios tecnológicos para alavancar a produção aquícola, dentre outros.
“Grande parte da produção de pescadores artesanais perde valor e perde acesso a mercados qualificados porque o seu estado de conservação não é adequado, O mesmo sucede com o pescado que se deteriora no processo de conservação, uma vez que esta se baseia em métodos de conservação do pescado arcaicos, como secagem a céu aberto”, explicou.
Além disso, Cardoso afirmou que, “não existem serviços de hidrografia e de produção de cartas náuticas e nem de sinalização para ajudar os transportes fluviais e lacustres. Por outro lado, as actividades de aquacultura precisam de serviços de hidrografia e cartografia para exercerem com eficiência a actividade de produção”.
Quanto ao impacto das mudanças climáticas no ecossistema e nos recursos marinhos e costeiros, Cardoso entende que, “a sua redução demanda conhecimento para previsão e de estratégias de adaptação para garantir a sustentabilidade das comunidades costeiras e a economia do país, que depende de recursos marinhos e costeiros”.
“As operações marítimas são ameaçadas pelo estado errático do tempo que se caracteriza por ciclones, tempestades e tsunamis que têm causado mortes por afogamento, naufrágio e destruição de infra-estruturas marítimas e costeiras, daí a necessidade de serviços especializados para monitoramento e previsão do estado do mar, com vista a garantir a segurança e eficiência das operações marítimas”, explicou.
Apesar dos enormes desafios, Cardoso acredita que, “a Estratégia de Desenvolvimento do InOM vai conduzir a instituição para o desenvolvimento de conhecimento através da investigação de ponta e de referência, inovação e adopção de tecnologias e prestação de serviços orientados para a utilização e exploração sustentável do mar, águas interiores e dos seus recursos”.
O lançamento da estratégia coincide com a inauguração do Centro de Cartografia Náutica, equipado com tecnologia de ponta para processamento de cartas náuticas e produção de cartografia digital para responder a demanda e competitividade de um mundo cada vez mais digital.
Ainda que esteja equipado, a Cartógrafa Náutica, Hortência Catarina, referiu que a produção de cartas electrónicas depende da capacitação dos seus técnicos.
“Estamos expectantes nesta formação porque não estamos a acompanhar o desenvolvimento tecnológico que, permitiu a substituição das cartas manuais pelas electrónicas”, disse.
Por seu turno, a cartógrafa náutica, Célia Magaia, diz ser urgente a produção de cartas electrónicas, em linha com as recomendações da Organização Hidrográfica Internacional que definiu 2030 como meta para o uso obrigatório.
“Nós ainda não estamos a acompanhar estas inovações tecnológicas, numa altura em que já temos a titularidade de produção das nossas cartas. Por isso, consideramos que demos um passo gigantesco porque já não dependemos dos outros, mas fornecemos a informação das nossas águas a eles”, disse Magaia.
(AIM)
NL/sg